Só quem tem porteira em casa sabe da tristeza que é. Ter que sair do carro abrir a dita cuja e esperar pra fechar. Tem um amigo taxista que é a favor de colocarmos um portão eletrônico. Besteira. O tempo que a máquina leva pra fechar o dito portão faria com que nosso cavalo já estivesse a uns 300 metros de distância no galope. Fora que ter a área cercada de arame farpado e um portão eletrônico não combinaria.
De fato, seria, com todo respeito, usar um belo sapato de grife e andar com a bunda de fora. É engraçado ,mas as pessoas fazem isto o tempo inteiro. Hoje a profusão de textos para lermos é enorme, embora conhecer não seja o mesmo que saber.
Saber se adquire pela prática, conhecer pela leitura. Práticas feitas só com leitura levam a erro, pelo menos na Umbanda. De fato, trabalhamos com energia e nós próprios somos energia, então temos que necessariamente experimentar o que nos propomos a fazer. A Umbanda é vida e ,assim sendo, tem que ser vivenciada, tem que ser aberta a experiências, necessita do exercício da mente não em decorar, mas falo de novo , experimentar.
As pessoas de uma forma geral se perdem na simplicidade. Simplesmente porque não conseguem processar, a mente humana busca por desafios, por coisas complexas, como se fosse uma musculação intelectual, o que permite uma injeção de dopamina e felicidade, coisa que a simplicidade não provoca. Ser simples não faz com que nenhum hormônio seja despejado em nossas correntes sanguíneas.
O saber na Umbanda está diretamente relacionado à caridade. É na prática da caridade que aprendemos, não há como ser diferente. Como já falei outras vezes, a caridade é complexa. Incorporar uma entidade e deixar que ela atue através de nós, sem que a influenciemos com nossos conceitos, é um ato de caridade. Tem muito médium que "usa" a incorporação para colocar suas próprias idéias - e isso- é o contrário de caridade. Entidade nenhuma - seja de esquerda ou de direita- jamais atribui nenhuma ação a si própria - eu fiz, eu faço, eu aconteço-porque ela trabalha em conjunto com o Divino. Pode até falar que ela se encarrega de uma proteção específica, mas jamais em tempo algum provocará situações de conflito ou mal estar. Observar, pensar e concluir também é caridade, mesmo que sirva só para nós.
Ogum não faz "limpeza" de gente em terreiros - ou seja, não manda ninguém embora porque é melhor ou pior-, preto velho não causa discussões para acertar arestas, Pomba Gira não é vaidosa - tenha sempre a certeza que eles estão acima de nossos sentimentos terráqueos e mundanos.
Tenho uma amiga chamada Renata Coutinho, um ser que anda irradiando luz, simplesmente porque se permitiu entrar em reflexão diante de suas observações da vida. E dela me veio o cristal bruto: lucidez não tem preço. E assim , vi nesta menina o reflexo Divino. Porque quando a pessoa se presta a refletir a Luz que vem do Alto e não de sua própria mente, tem reais condições de ajudar e prestar a real caridade. Não pode nunca ser diferente.
A Umbanda não foi criada para adorarmos um ser humano, mas para nos reintegrarmos às energias Divinas da natureza, para elevarmos e reequilibrarmos nossas energias à energia geradora- à caridade. Fora da caridade não há salvação.É colocar portão eletrônico em cerca de arame farpado.
Por último - e não menos importante- tenho ouvido de muitos umbandistas - muitos inclusive de renome- que oração de nada adianta. Ao escutar isto, corra amigo e muito.
O Divino não deixa nenhuma conversa direta com ele sem resposta. Lucidez não tem preço, assim como nossa liberdade de expressão. Oremos. Sarava
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