domingo, 8 de novembro de 2015

Cuspir no prato em que comeu!


Até para quem faz parte, entender o que é religião é muito complicado.
O sentido do "religare" fica perdido sob camadas e mais camadas de tantas outras coisas, que a maioria dos religiosos, nem conseguem descobrir qual o verdadeiro motivo que os fizeram cruzar as portas das igrejas, quanto mais o que os levou a decisão de realizarem os ritos de passagem ou iniciação (todas as religiões do mundo tem seus rituais de inclusão).
A função da religação com o Sagrado, que é o de conceder pleno significado a fé, proporcionar o motivo para a caminhada na senda escolhida e tornar-se a essência do viver religioso, quase nunca surge no consciente do adepto e se aparece está isento de significado e pior de relevância.
Por conta disso, a grande porta de entrada das pessoas nas religiões continua sendo a dor, em suas diversas matizes e consequências. Para alguns, pode ser também a vontade de fazer parte de alguma coisa (se tornar alguém se possível, ou no mínimo um igual),  para outros é simplesmente fuga da realidade. Raros são aqueles que chegam com a compreensão e o desejo real de desenvolver, com harmonia e equilíbrio, a sua espiritualidade (aqui usada no pleno sentido de elevação, transcendência e sublimidade).
Busca-se, na maioria das vezes e de forma desesperada, o tratamento dos sintomas e não das causas que os afligem. Com esse tipo de demanda os templos e casas espirituais acabam se transformando em prontos-socorros das mazelas humanas, unidades de emergência para soluções de todo e qualquer tipo de problema, consultórios sentimentais, psicológicos, emocionais e psíquicos, em resumo, a última esperança, os botes salvadores do naufrágio do "Titanic" que são as suas vidas.
Embora não seja uma ideia original de Karl Marx, na sua obra publicada em 1844, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, encontramos a citação que se tornou famosa desde então: "A religião é o ópio do povo" (em alemão "Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes")[1]. Antes de Marx, Henrich Reine (poeta romântico alemão) no seu ensaio sobre Ludwig Börne, em 1840,  escreveu: "Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança."
Voltando, a obra de Marx, e anterior a frase que já citamos, destacamos ainda os seguintes excertos:"É este o fundamento da crítica irreligiosa: o homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ainda ou voltou a se perder.", mais ainda, "A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma."
Independente, se concordamos ou não com Karl Marx e do contexto e intenção de sua crítica, fica claro, pelo menos para mim, o sentido de troca que a maioria das pessoas realizam com as religiões.
Esse nivelamento por baixo, na minha opinião, é o que gera num extremo o fanatismo, a paixão exacerbada e a miopia religiosa, e do outro a indiferença, o ceticismo e o ateísmo. Entre um extremo e outro, temos as ilusões geradas pelas promessas de entrega que as religiões passam a significar e o puxar de tapete das decepções quando as fantasias da imaginação; seus devaneios, sonhos e quimeras caem por terra, se é que vocês estão me entendendo.
O ponto que eu quero chegar nesse momento é que as religiões atuam como válvulas de escape para uma boa parte da população, tábua de salvação para o que elas não conseguem encontrar nas rotinas de suas vidas.
As religiões deveriam ser uma opção de escolha, prestando o serviço de facilitadores para o último patamar da pirâmide de hierarquia das necessidades de Maslow, ou seja, a AUTO-REALIZAÇÃO! É fato que as religiões não se furtam ao trabalho para entregar ou melhorar as demais necessidades (Vide nosso artigo Maslow, Buda e a Umbanda), porém ao serem, muitas vezes obrigadas a cumprir esse papel na sociedade, deixam para segundo plano o seu objetivo com o Sagrado. É isso que quis dizer no início com o"religare" ficar perdido sob camadas e mais camadas de tantas outras coisas.
Sob o olhar da ótica cristã, muitos poderiam me dizer agora, que as religiões realizam o que Jesus veio fazer nesse mundo, afinal Ele aqui esteve por causa dos doentes que precisam do médico e não pelos sãos. O que ninguém discute ou quer entender é que se estivéssemos fazendo a nossa parte, desde o começo, Ele não precisaria ter realizado esse sacrifício, ou melhor dizendo, esse sacro-ofício. Com certeza, Ele não teria sido transformado no polarizador de um apocalipse, o fim dos tempos tendo que realizar o julgamento sumário, fazendo a escoima do trigo, separando destes o joio.
Em suma, temos o comportamento errado e fazemos a mesma leitura que Marx enxerga na sua crítica, como sociedade produzimos a religião, umaconsciência invertida do mundo, porque como sociedade somos um mundo invertido.
Por conta dessa leitura errônea, de tudo que já foi dito até aqui e por uma lista interminável de outros motivos é que grassa hoje em dia, o zelo religioso obsessivo que pode levar a extremos de intolerância. E aqui não me refiro aos homens-bombas e sim a corda que cada dia mais aperta o seu laço tentando enforcar as manifestações religiosas afro-brasileiras. Ao "muro de Berlim" que estão construindo, ao cerceamento invisível a liberdade de expressão religiosa, e ao ataque cada vez mais mobilizado, que me faz dizer brincando (não sei até quando), que em breve estarei batendo macumba nos porões e nas catacumbas, escondido como faziam os antigos cristãos. Isso sem falar nos possíveis "circus" erguidos em que seremos jogados aos leões.
Dramático, exagerado da minha parte? Talvez... Espero que nunca cheguemos a tanto, mas que os papéis estão se invertendo, isto estão.
A Lei do Silêncio usada por muitos para calar os tambores dos terreiros, a Lei Anti-Fumo em que poucas são aprovadas levando em consideração o uso do fumo e da fumaça como elemento ritualístico-religioso, pululam os projetos de lei proibindo o sacro-ofício de animais, ainda chamados de sacrifício e tortura, o labirinto burocrático e fiscalizador de órgãos públicos municipais, cujo os funcionários tomados por sua orientação religiosa cristã, dificultam registros de templos religiosos de matriz afro-brasileira, isenção de IPTU nem pensar, quando não invadem para fechar ou derrubar casas espirituais, como já vimos em notícias.
Isso sem falar da invasão na política, não se trata mais um o outro candidato, mas de bancadas e mais bancadas que cada vez ganham mais força para legislar sob a ótica de uma pauta que traduza os seus interesses religiosos. Fora o "Plano de Poder", livreto lançado em 2008, com o sub-título de "Deus, os Cristãos e a Política", que ao se ler o que está as claras e nas entrelinhas fala por si, é auto-explicativo e como dizem, para bom entendedor meia palavra basta, quanto mais um livro todo.
Teoria da Conspiração?!? Não, não sou afeito a esse tipo de coisas, mas que existe uma égregora de pressão, uma teia invisível se formando no inconsciente coletivo a isso existe! A Igreja Católica já algum tempo percebeu isso, tanto que nos vimos diante do acordo Vaticano-Brasil a chamada Concordata[2], que estabelece o estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil (Para maiores informações e texto na íntegra veja: "Conheça na íntegra o acordo Vaticano Brasil").
Tudo isso baila ao nosso redor (das religiões afro-brasileiras), estão quase conseguindo nos fazer a dançar conforme a música tocada por eles. Assistimos, ao meu ver, de forma passiva, acreditando que o céu jamais cairá nas nossas cabeças, enterrando nossas cabeças na areia (embora seja um mito já que o avestruz não faz isso - ao ser acuado ele baixa a cabeça até o chão). Vivemos aprisionados na égregora de estaticidade, inertes, parados, com pouca ou quase nenhuma reação, e aqueles que tentam alguma coisa a nosso favor são rechaçados, por nós mesmos, por não concordarmos que eles sejam os nossos legítimos representantes.
Enquanto algumas religiões entraram no século XXI buscando ganhar cada vez mais terreno de forma legítima, embora nem sempre constitucional, nós ainda vivemos na Idade da Pedra. Somos como os homens da caverna, ainda defendendo o território de nossos habitat dos demais grupos iguais, disputando o alimento, aos urros e gritos, mostrando nossos dentes, batendo no peito e agitando nossos tacapes de ossos sem efeito maior do que tentar assustar e espantar os outros com nossa bravata.
Queremos seguir em frente e vivermos em paz em um tempo que ninguém quer nos deixar fazer isso.
Esquecemos de cobrar, de reivindicar, agir como coletivo e não só como indivíduo sobre o que a constituição brasileira garante a todos, inclusive as religiões afro-brasileiras:
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (…)"
Nesse aspecto estamos cuspindo no prato em que comemos!

A intolerância religiosa é pauta no dia-a-dia da Umbanda e de todas religiões afro-brasileiras! Intolerância "intra" e "inter" religiosa.
Com respeito a intolerância intra-religiosa (por dentro da Umbanda, no nosso caso), os artigos desse blog estão repletos de referências, reflexões e exemplos.
Mais urgente, é falarmos sobre o aspecto da intolerância inter-religiosa (das outras religiões em relação a nossa), essa é a causa que deveria nos unir independente das diferenças e dos motivos que nos separam.
Próximos a nós, pelos laços do fenômeno mediúnico, continuamos a sermos considerados "baixo espiritismo" (engraçado é que nunca pretendemos ser "alto espiritismo", ou algo que o valha), por adeptos de uma doutrina, que exige não ser tratada como uma religião, mas que age como uma, principalmente ao fazer esse tipo de comparação. Chegamos ao ponto de assistirmos um movimento de interpretação e prática da Umbanda sob o ponto de vista e orientação da doutrina de Kardec. Livros é que não faltam para corroborar o que eu estou dizendo. O certo e errado para Umbanda agora é definido por conceitos, metodologias e práticas espíritas.
Cercando-nos, estão os diversos segmentos evangélicos (pentecostalismo, neo-pentecostalismo e os ministérios similares), do lado católico a Renovação Carismática e demais grupos de fé avivada que estão se proliferando em seu seio.
Para completar, como citei na primeira parte desse artigo, os evangélicos buscaram na força política aumentar sua presença no centro das decisões e a Igreja Católica com a Concordata dar a volta por cima "matando dois coelhos com uma cajadada só" (os evangélicos e as demais religiões, no meio as religiões afro-brasileiras).
Interessante observar que, no caso dos evangélicos, bastando um mergulho raso na vida de Lutero, por exemplo, percebemos, que nunca foi o desejo dele, toda violência e revolta que tomou conta da Europa por conta da Reforma. Seu ideal original era a reforma por dentro do Catolicismo (para isso como monge ele tentou a todo custo valer suas teses), e não por fora e, principalmente, servindo como bandeira para as questões políticas e sócio-econômicas que solapavam o velho continente à época. Por outro lado, no caso da Igreja Católica, Jesus nunca quis fundar uma religião, arranjaram a pedra e sentaram Pedro nela e ninguém disse nada, como quem cala consente... O Imperador Constantino[1], mais tarde, realizou o que está longe de uma comparação, mas que podemos aludir como a primeira concordata da Igreja.
Allan Kardec era um professor, que diante das manifestações mediúnicas, que ocorriam nos salões da capital francesa, descobriu as portas para o mundo espiritual e de forma isenta, ética e livre de preconceitos procurou formatar uma doutrina de entendimento e prática desses fenômenos.
Importante dizer a meu favor, que não sou contra as lutas que se referem as questões de desigualdade social e econômica, e dos direitos liberdade de qualquer espécie, como as situações que ocorriam na Europa na época de Lutero. Nem tão pouco, sou alheio ao sofrimento encetado pela perseguição aos primeiros cristãos. A minha visão aqui é que, em ambos os casos, a causa destes (Lutero e os primeiros cristãos), eram por uma espiritualidade maior e os homens a transformaram em conquista de poder, teocracia e império econômico-financeiro. Tenho também o maior respeito pelo Espiritismo, mas não posso concordar com o desprezo de alguns seguidores desta doutrina aos fenômenos mediúnicos umbandistas, a desqualificação espiritual que fazem das nossas entidades, muito menos, como já explanei reiteradas vezes, com a releitura formatada dessa dita "umbanda espírita". 
O fato é que se partirmos exclusivamente das intenções reais de Lutero, de Jesus e de Kardec, nada justifica, a intolerância religiosa que vemos se manisfestar desde o passado até os dias atuais. Em menor ou maior proporção, essa intolerância acontece e diante disso muitos membros das religiões afro-brasileiras já estão agindo de forma reativa a essas ocorrências. Está se tornando um círculo vicioso.
Se fecharmos um olhar sobre os evangélicos, por serem estes os que mais costumam praticar uma "cruzada messiânica" contra nós, podemos listar um incontável número de situações que vivenciamos no nosso dia-a-dia:
  1. As frases, "Jesus te ama!", "Queima Jesus", "Esteja repreendido", "Sangue de Jesus tem poder", " Deus é Fiel", "Só Jesus salva!" e outras mais, usadas como uma arma de confrontação.
  2. Os alto-falantes voltados para as ruas, e os sons cada vez mais potentes das igrejas (será que eles acreditam mesmo, que a gente ao escutar, como se diz aqui no Ceará, vai "emprenhar pelo ouvido"[2] e se entregar a Jesus, só porque eles querem?).
  3. A invasão catequista dos armados com a Bíblia nas poucas cerimônias públicas que realizamos, como as Festas de Yemanjá nas praias.
  4. O entupimento nas caixas de correio de nossas residências com folhetos, panfletos e mensagens doutrinárias.
  5. O acordar, em pleno domingo às 7h00 da manhã, com gente na nossa porta perguntando se sabemos o nome de Deus.
  6. Os "spams" nas caixas de entrada dos nossos e-mails.
  7. Os "fakes" criados para detratar as religiões afro-brasileiras em vídeo, nas redes sociais e em alguns sites, às vezes se passando por gente nossa.
  8. As entradas de "nicks" seja como indivíduos ou grupos nas salas on-line, chats e listas de discussão.
  9. A proliferação de informação, na verdade desinformação, sobre as religiões afro-brasileiras que se propaga na web, na imprensa etc.
  10. As cisões familiares pela conversão de um, ou de alguns de seus membros, pois eles não se contentam em apenas se converterem é preciso a partir daí converter a todos, sem exceção.
  11. A segregação a todos que não pertencem a igreja e o repúdio a tudo na vida que não está de acordo com a Bíblia.
  12. A facilidade com que tudo que é relacionado aos rituais das religiões afro-brasileiras serem taxados de "magia negra" e "coisas do demônio".
Enfim, poderia acrescentar uma quantidade imensa de pontos aos aqui listados. Se você for atrás e fazer uma contagem de quantas vezes eles pronunciam as palavras Jesus e Satanás, acho que Jesus ganharia por uma pequena margem. Se fosse uma eleição teria segundo turno. Se não existisse Satanás, quem ocuparia seu lugar? Sim, porque sem o diabo não tinha o que ser combatido, logo seria uma vida sem motivo e uma guerra sem causa. Brincadeiras a parte, a pergunta que não quer calar é a seguinte: Tudo isso denigre e invalida o protestantismo como religião? Desqualifica seu "religare"? Não! Não vejo essa atitude partindo, por exemplo e me corrijam se eu estiver errado, de batistas e presbiterianos. Percebo esse recrudescimento gerado pelos pentecostais, neo-pentecostais, avivados e os defensores da teologia da prosperidade. Esses sim, me parecem levar sua crença em Jesus as últimas consequências em suas vidas e em relação a vida dos outros.
Mas a maior chaga, na minha opinião, o pior tipo de convertido é aquele que foi ex-adepto da Umbanda, do Candomblé, de alguma religião afro-brasileira.
Esse sim, chega a um tipo de enfrentamento e confrontação extrema. Esse é tomado por uma necessidade fora do comum de expurgar de si o que agora considera pustulento e asqueroso.
Esse tipo de convertido, não precisa de uma lavagem cerebral, ele mesmo faz questão de uma lavagem de alma.
Para isso, o primeiro passo é negar a tudo e a todos que fizeram parte desse seu passado, que não podendo ser apagado da sua vida, tem ao menos que  ser esquecido, ou melhor apartado de vez. É necessário uma verdadeira catarse, por isso muitos reúnem os antigos pertences, da sua ex-religião (fardamentos, colares, imagens etc.) e queimam. Se fossemos usar o nosso linguajar é um descarrego dos "brabos"! Como eu já fiz alusão acima tem que se descarregar o mais profundo do seu "eu", faz-se urgência se passar de impuro para puro, de perdido para salvo, de pecador para um ser livre de pecados. Nova vida, novo mundo, novo tudo.
Assim amigos, familiares, locais, interesses dessa época devem ser ignorados por se tratarem agora de um chamamento a uma vida sem "Jesus". Rapidamente todos esses vazios são ocupados pela igreja, pelos fiéis, a bíblia etc., senão vejamos:
  1. A música passa a ser somente a do gênero gospel, cantado a todos os pulmões, servindo ao mesmo tempo de auto-hipnose e de tentativa de conversão de quem possa escutar.
  2. A leitura restrita tão somente a Bíblia, os livros, revistas e demais impressos da Igreja ou da literatura evangélica. A Bíblia aliás, nesse caso, vira sinal de identificação, pois ele passa a carregá-la para cima e para baixo para ficar bastante gasta, pois quanto mais ela parecer usada, mais a pessoa se apresenta aos demais irmãos como um leitor fiel. Ao mesmo tempo, passa a ter a mesma utilidade do "Almanaque dos Escoteiros-Mirins" (dos sobrinhos do Pato Donald - quem for das antigas, como eu, vai se lembrar), livro de consulta universal, em que se encontra resposta para tudo e qualquer coisa. Se não tiver na Bíblia, no mínimo não é verdade.
  3. As festas, baladas e shows que se costumava ir, agora só se for religiosamente correto e acompanhado dos "irmãos" e "irmãs" (Clube do Bolinha, misturado com o da "Luluzinha", em nome de Jesus).
  4. A bebida alcoólica que não podia faltar no passado, agora reconhecida como a "bebida do diabo", é substituída por refrigerante tomada aos júbilos e gritos de "Glória Senhor Jesus".
  5. O tempo passa a ser ocupado com tudo que for relacionado a igreja e se possível mantendo-se em grupo reunidos para uns ajudarem aos outros não caírem em tentação.
  6. O discurso muda, a maneira de falar também, se fala agora por versículos, capítulos e livros bíblicos, a conversa com um profano, ou melhor dizendo com alguém "sem Jesus", sempre tem a conotação de doutrinar, catequizar e converter.
  7. As roupas passam ser sóbrias e bem comportadas, pois expor o corpo de alguma forma é pecado.
  8. A vida tem que obrigatoriamente se transformar, pois tudo agora é melhor que antes, a uma grande diferença entre uma vida nas trevas e uma renovada em Jesus.
Devidamente pasteurizado, o segundo passo para o agora "irmão" ou "irmã" é ter que provar (esse é o maior dos problemas), que deixou para trás, de forma definitiva, a sua vida pregressa. É nesse instante que se começam as zombarias, as piadas, o sarcasmo, o fazer pouco, por exemplo da sua ex-religião, da vida que parece que não foi vivida, que foi um engano, um erro, uma queda, uma destruição. Como se lembrar das coisas boas que se viveu nessa época agora de trevas? Como sentir algo de bom pelos amigos dessa vida de descaminhos, que se tornou a Umbanda, para ficarmos no exemplo?
Se médium de incorporação, as entidades com quem tanto se trabalhou, se transformam da noite para o dia em "demônios", é o diabo Caboclo X, o demônio Preto-velho Y, o satanás Exu H e assim por diante. O Pai ou Mãe no Santo passa a ser Pai e Mãe da Macumba. Os irmãos de corrente são vistos como seguidores do demônio. Para todos eles um "queima Jesus", ou "esteja repreendido" já afasta o perigo causado por esse possível contágio. Sim, por que só em estar em ambiente próximo é um perigo, é como estar perto de alguém ou alguma coisa virulenta e mortal para a sua vida purificada.
A certeza dessa verdade, tem dividido famílias sim! Fundamentados na Bíblia, eles acreditam literalmente no evangelho de Mateus, em que Jesus afirma: “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a Espada. De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares” (Mt 10, 34-36). Outra interpretação não há, a não ser no que na Bíblia está dito e traduzido. Se não conseguem enxergar além da letra que mata, se não abstraem o espírito que vivifica, não serei eu que tentarei convencer ninguém do contrário. Me abstenho de explicar o rico significado que esse trecho do Novo Testamento contém.
Uma coisa é certa, caros ex-umbandistas e neo-convertidos, o Amor de Jesus não está sujeito a literalidade de palavras escritas, pois esse Amor transcende a letra, pois é Espírito Vivo. A tudo e a todos envolve, e não somente aos escolhidos, ou os que decidiram escolhê-Lo. Ele não exclui, inclui, sem olhar, raça, orientação sexual, classe social e crença religiosa.
Aproveito o ensejo para encerrar, já que vós deveis, nessa sua nova "existência" acreditar piamente nessa passagem do Evangelho de Mateus, que também deveis acreditar em algo maior do que essa afirmação de Jesus, pois as palavras que citarei agora, vieram direto de Deus, do qual Jesus é o Filho, para serem gravadas com fogo nas tábuas que Moisés levou ao monte - o Quinto Mandamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá."
Se preferirem algo direto e claro, vou no popular: NÃO CUSPAM NO PRATO EM QUE COMERAM!

POR:PAI CAIO DE OMULU

domingo, 27 de setembro de 2015

Umbanda e candomblé conquistam jovens descolados no Brasil

Esqueça a imagem das pessoas angustiadas que procuram consolo para a dor da morte de parentes. Agora, jovens descolados deixam de ir à balada para celebrar os orixás, receber passes e fazer amigos. Conheça alguns dos novos frequentadores da umbanda e do candomblé 


À esquerda, Andréa, artista plástica conectada a Iemanjá. Em casa, faz banhos e orações. À direita, Janaína, “filha de Omulu” e ativista pelos direitos da mulher negra (Foto: Rogério Assis)

A artista plástica Andréa Tolaini não sabe o que fazer com sua bicicleta elétrica. O veículo foi um presente em forma de pedido de casamento e tem valor sentimental para a paulistana de 30 anos, mas a verdade é que ela prefere pedalar à moda antiga, sem a ajuda de motor. Do seu ateliê, no bairro do Butantã, em São Paulo, sai pelas novas ciclofaixas da metrópole para se reunir com os clientes que encomendam seus quadros, mandalas multicoloridas pintadas em telas grandes. Tem os horários fluidos, a rotina livre e uma profissão que parece lazer. Investe seu dinheiro em shows e viagens (a última para o Peru) e, nos fins de semana, recebe os amigos para uma feijoada vegetariana em sua casa, onde mora com um gato e dois cachorros. A porta ali está sempre aberta, já que Andréa não é adepta “da vibe portão elétrico e grades até o teto”.
Gosto da liberdade de fazer os ritos do meu jeito. Não me sinto obrigada a ir ao centro: vou quando tenho vontade"
Andréa Tolaini, artista plástica
Ao menos uma vez por mês, ela vai a um terreiro de umbanda. Diz que conversa com os espíritos, pede a eles conselhos para a vida e volta para casa com indicações práticas e rituais. “Faço orações de sete dias, banhos, limpezas e agradecimentos aos orixás”, conta. “Gosto da liberdade de fazer os ritos do meu jeito. Não me sinto obrigada a ir ao centro: vou quando tenho vontade.” Nascida numa família católica, Andréa não tinha contato com religião desde que saiu do colégio cristão onde estudava. Até que, em 2008, foi com uma amiga a um terreiro pela primeira vez. Logo de cara, diz que recebeu de um médium um recado sobre a morte da mãe, que viria a ser diagnosticada com um câncer terminal dali a poucas semanas. “A umbanda dialoga de forma simples e rápida com você, não tem nenhuma metáfora ou mensagem rebuscada”, afirma. A mãe morreu no ano seguinte. Desde então, ela procura ajuda dos guias, os espíritos que incorporam nos médiuns em dia de gira, como são chamadas as cerimônias, sempre que acha necessário. Foi assim quando quis largar a carreira de oito anos em empresas de publicidade para viver de sua arte.
Médiuns antes da gira em centro da Zona Sul de São Paulo (Foto: Rogério Assis)
Andréa faz parte de um grupo bem informado de jovens urbanos que trocou a crença familiar pela fé nas tradições africanas. É por causa de pessoas como ela que, nos dois últimos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística), os frequentadores de cultos afro-brasileiros aparecem no topo do ranking de escolaridade: ficam em segundo lugar, atrás apenas de kardecistas e à frente decatólicos e evangélicos. São comunicadores, estudantes e criativos cujas escolhas de vida não combinam com grandes empresas mas, sim, com a liberdade de ir e vir. São membros da geração Y, essa nascida a partir da década de 80, urbana e conectada à internet, em que os psicólogos sociais identificam uma aversão clara à hierarquia e uma necessidade de se engajar em projetos com profundo significado pessoal.
Nasci numa família católica e gostava muito do convívio da igreja. Mas, com o passar dos anos, a missa foi perdendo intensidade para mim"
Rafael Mota, publicitário
O publicitário Rafael Mota, 27 anos, se sente completamente levado pelo ritual que, até três anos, desconhecia por completo. “É impossível não sentir a energia”, diz ele.Sua fé não vem de berço. Como a maioria dos atuais adeptos das religiões afro-brasileiras, Rafael se encantou por ela depois de adulto. “Nasci numa família católica e gostava muito do convívio da igreja. Mas, com o passar dos anos, a missa foi perdendo intensidade para mim. Aquilo não prendia mais a minha atenção .”
Ele foi pela primeira vez ao centro de umbanda por curiosidade, a convite de uma colega de trabalho. Já havia visitado templos budistas, igrejas messiânicas e evangélicas, e imaginava incluir na lista a mais caricata de suas experiências religiosas. “Mas, logo que entrei, vi que tinha imaginado tudo errado. Não havia imagens amedrontadoras nas paredes, nem galinhas mortas pelo chão.” Três semanas depois, não conseguia esquecer a boa sensação de estar naquele pátio, e assim voltou uma, duas, dezenas de vezes, até se tornar parte do time da casa. Segundo a umbanda, qualquer pessoa pode desenvolver a capacidade de intermediar o mundo dos espíritos com o nosso, e foi o que Rafael fez. “Aqui as relações são mais horizontais que na igreja católica, onde a hierarquia é mais de cima para baixo. Lá, o máximo de contato físico que você tem é beijar a mão do padre. Na umbanda, é difícil não sair abraçando meia dúzia. É como se o seu ego se dissolvesse no meio do grupo.”
À esquerda, Edi, o artesão que é “filho de Ogum”, orixá equivalente a São Jorge. À direita, Karen Keppe, 29, produtora cultural e “filha de Xangô”: “A umbanda é mais sincera” (Foto: Rogério Assis)
A umbanda e o candomblé, religiões que vêm atraindo o grupo, também têm umcódigo moral amplo, baseado na lei do retorno: fazer o bem para recebê-lo e evitar fazer o mal para não sofrê-lo. “Nos cultos africanos, bem e mal estão sempre juntos”, diz a produtora cultural e artista paulistana Karen Keppe, 29 anos, que teve o primeiro contato com o candomblé aos 22, ainda na faculdade de história. “Acho essa visão sincera, mais conectada com a realidade”, conclui. Hoje, frequenta um centro umbandista em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, onde não raro encontra pessoas de seu meio de trabalho, como músicos com quem colabora em festas hypadas no Centro paulistano. O local é próximo ao apartamento que ela divide com o namorado e um amigo. Ela trabalha em casa, onde estuda novas maneiras de produzir música, a partir de objetos inusitados como rodas de bicicleta e pequenos ventiladores. Pelas janelas, estão pendurados outros aparelhos curiosos: são sensores caseiros de qualidade do ar, desenvolvidos pelo namorado de Karen para um projeto que mapeia a poluição da cidade. A criação dos sensores foi feita com um programa de computador “aberto”, ou seja, o projeto está disponível na internet e pode ser copiado e replicado por quem quiser. Estamos falando de uma turma para quem a vida colaborativa faz mais sentido que a corporativa. Esse comportamento é muito típico dos jovens do século 21, como já havia apontado o sociólogo Michel Maffesoli, que se dedica a entender a pós-modernidade. “O indivíduo, que era a marca mais forte da era moderna, perde valor para a comunidade, o nós vence o eu”, diz o francês no livro O Tempo das Tribos: o Declínio do Individualismo nas Sociedades de Massa (Forense Universitária, 338 págs., R$ 75).
Nos cultos africanos, bem e mal estão sempre juntos"
Karen Keppe, produtora cultural e artista
Dentro desse contexto, é compreensível que a hierarquia horizontal da umbanda seja tão confortável para os novos adeptos. “Nunca me dei bem com chefe”, diz o designer paulistano Edi Marreiro, 33 anos, que, em suas palavras, optou por não fazer faculdade para “ter uma vida profissional mais variada”. No ano passado, deixou o trabalho como monitor de uma clínica de dependentes químicos para tornar-se designer e produzir objetos de decoração para a marca que criou com a namorada. Apesar do pouco tempo de empreitada, o casal já colhe os frutos e se sustenta com as vendas de seus produtos em um e-commerce, o Casa do Rouxinol.
Alto, com barba cheia e sete tatuagens espalhadas pelo corpo, Edi frequenta um terreiro no bairro do Morumbi, em São Paulo, e diz ter ampliado por lá até mesmo seus interesses mundanos. “Mudou a minha forma de encarar a música, os instrumentos. Antes, gostava só de rock e música eletrônica e agora gosto de percussão, de samba”, afirma. Seu envolvimento foi tão grande que se tornou ogã, um líder que canta e toca atabaque para que os espíritos possam trabalhar. Parte de suas tarefas é receber as pessoas que chegam pela primeira vez ao centro, e foi assim que conheceu a atual namorada, Raji Rajii, de 26 anos. Fora do terreiro, ele participa de um grupo de maracatu, o ritmo pernambucano que tem raízes na cultura dos escravos. Também é fã de músicos nacionais, como os rappers Emicida e Criolo.
Edi se prepara para as giras com alguns rituais: nas 24 horas que antecedem os trabalhos, não tem relações sexuais, não bebe álcool nem usa qualquer substância que possa alterar a consciência, e não come carne vermelha. Também toma um banho de sete ervas. A dedicação causa estranhamento nos amigos de fora da religião. “Tem quem olhe torto, mas não ligo.”
O branco é a cor ritualística nos terreiros (Foto: Rogério Assis)
A assistente social Janaína Grasso, 27 anos, adepta do candomblé, sabe bem como é driblar o preconceito e a intolerância religiosa. “Sou mulher, preta e baiana. Só por isso as pessoas já me chamam de macumbeira. Mas na minha religião ninguém orienta a amarrar marido ou fazer trabalhos para prejudicar os outros”, diz. Moradora do boêmio bairro da Vila Madalena, ela diz preferir as festas de rua que São Paulo oferece a locais que cobram entrada (“mais um jeito de segregar”). Na reta final do mestrado que analisa questões de gênero, ela ainda lidera o coletivo Em Alto e Bom Tom, focado no empoderamento de mulheres negras. Com uma amiga, ela monta exposições itinerantes de retratos de lindas jovens usando turbantes, cabelos afro, tranças e exibindo corpos suntuosos. As imagens visam dar mais confiança e suprir a falta de representação positiva de crianças e adolescentes afrodescendentes.
A umbanda, assim como o candomblé, tem três coisas boas da vida: música, dança e comida"
Reginaldo Prandi, sociólogo das religiões
Nas semanas em que conversou com a reportagem, Janaína faltou a uma festa importante do terreiro que frequenta, com muita música, rezas e oferendas, por causa da dissertação. No candomblé, as cerimônias são guiadas pelo pai de santo e os cantos são em iorubá ou outras línguas dos antigos escravos. Diferentemente da umbanda, quem se manifesta por meio dos médiuns são os orixás – e não espíritos antigos. Por fim, se o praticante tem uma questão particular a tratar, pede uma sessão individual com o pai ou a mãe de santo, que fará perguntas aos deuses pelo jogo de búzios. São consultas que nada lembram as confissões e punições da igreja católica ou as expurgações dos evangélicos pentecostais.
Para o sociólogo das religiões Reginaldo Prandi, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), o aspecto lúdico coloca os cultos africanos numa posição atraente para esses jovens. “A umbanda, assim como o candomblé, tem três coisas boas da vida: música, dança e comida”, resume. Além disso, a estética de cores fortes e contrastantes, rendas e ornamentos ricos, e a conexão com folhas, ondas do mar e flores ajudam a atrair novos adeptos, afirma o estudioso. “O mundo está questionando sua relação com a natureza e, nos grandes centros urbanos, são raros os momentos em que você fica com os pés no chão, em contato com tudo isso”, analisa. Essa turma antenada mostra que, hoje, nada é mais moderno do que buscar a paz nas coisas simples da vida.

domingo, 20 de setembro de 2015

PERGUNTAS SOBRE EXÚ.


A algum tempo atrás respondi a um leitor que se ele fosse filho de Exú sua mãe provavelmente seria uma Pomba Gira. Isso causou uma tremenda polemica entre leitores do blog que começaram a enviar perguntas sobre Exús. Resolvi responder para esclarecer algumas, lembrando que as respostas são minhas opiniões pessoais e coloquei junto respostas de outros médiuns esclarecidos.


1 - Exú e Pomba Gira podem ser donos de coroa na Umbanda?
Nunca na Umbanda! Em alguns outros rituais sim.


2 - Porque Exú não pode ficar de frente na coroa?
* Na UM-BAN-DA não pode mesmo porque exu é uma Linha Espiritual AUXILIAR, agregada e, como já visto antes, composta por falanges de espíritos em sua maioria amorais e de pouco conhecimento sobre princípios evolutivos, ou seja, de curta visão espiritual a despeito de muito conhecimento que possam ter sobre os princípios de vida material.
Se exu ou pomba gira estiverem à frente na coroa de um médium, o certo é (como nos foi ensinado desde muitos anos atrás) que se trabalhe no sentido de afastá-los desta posição para que espíritos GUIA possam assumí-la.
Já para outros cultos, aqueles que não se preocupam com evolução espiritual do médium e das entidades e que pretendem entender que "é assim porque deve ser ou porque sempre foi", aí a pregação é outra e exu vira até "orixá de coroa".



3 - Zé Pilintra é Exú?
Originalmente Zé Pilintra, Maria Padilha e alguns outros Exús, eram Mestres Encantados no norte do Brasil. Com a vinda dos povos do norte para o resto do Brasil, principalmente para o Sul e o Sudeste, o culto aos Encantados veio junto. Aos poucos, esse culto foi se misturando a outros cultos e criou-se entidades que trabalham em várias falanges. Como trabalhar com Encantados era um processo complicado nestas áreas do Brasil, principalmente pela questão de lugar, firmeza, etc., começou-se a trabalhar dentro da Umbanda e Candomblé com as mesmas entidades, criando-se assim o Exú Zé Pilintra e a Pomba Gira Maria Padilha. No Norte ainda cultua-se como Encantados. Um outro motivo é que o nome de Zé Pilintra acabou por criar uma relação com Pilantra, ou seja, malandro, golpista, mulherengo, características de Exú.


4 - De onde surgiu o nome Zé Pilintra?
Em cada lugar existe uma história sobre este nome. Ninguém sabe exatamente a verdadeira história, José Phelintra, José de Aguiar, Chapéu de Couro,  Mestre Zé são alguns nomes dados a esta entidade. Tal como sua morte, dizem que morreu do coração em um cabaré, Maria Navalha cortou seu pescoço numa crise de ciúmes, emboscada na rua e outras tantas. Mas se era Encantado não pode ter morrido, Encantados não morrem, desaparecem da terra num processo sobrenatural.


5 - Exú fala palavrão e bebe cachaça?
Sim, é normal. O que não é normal e depois da entidade desencorporar o médium ficar bêbado e aprontar.
*Tenho a dizer é que SÃO EXUS. E por serem-no agem de acordo com seus princípios e formas de ver a espiritualidade e, além disto, usam desses artifícios como formas de impressionarem suas platéias, em grande parte normalmente ávidas por esses fatos.
Tenho a dizer que, em termos de comportamento, esta é a essência dos espíritos que realmente merecem este apelido - EXU!

6 - Trabalho com uma Pomba Gira e quando ela desencorpora sinto uma imensa excitação sexual, sou casada e deixo meu marido surpreendido quando chego na cama após o trabalho, isso é normal?
Isso é chamado em alguns rituais de "Estar com a Pomba Gira/Exú de frente". As entidades destas falanges tem a tendencia de mexer com áreas neurais do corpo diretamente ligadas a sexualidade. você deve ter percebido que as Pomba Giras dançam muito sensualmente e Exús estão sempre cortejando as mulheres.
O que não pode acontecer é você encontrar Exús excitados durante a incorporação, dando cantadas do tipo: depois da sessão encontre meu cavalo em tal lugar, etc. (já testemunhei um Exú dando o número do celular). E, existe também, médiuns despreparados que as vezes por serem tímidos, mentalizam a entidade para poder fazer aquilo que não tem coragem de dizer quando desencorporados. 
Em alguns casos pode ser obsessores atuando e o Zelador deve trabalhar com o médium para tirar o "Exú  de frente".

7 - Os Exús já viveram aqui?
Com certeza, são almas desencarnadas que retornam a este plano por motivos diversos. Alguns quando estavam vivos foram pessoas normais e trabalhadoras como nós. A história de cada um é segredo deles mesmos, normalmente eles contam sobre suas vidas passadas somente para alguns de sua confiança. Exús não andam garganteando por aí que foram médicos, engenheiros e bispos aos quatro ventos, são entidades muito discretas com relação a isso. O retorno a esta vida através da incorporação é feito para que este espirito possa desenvolver-se e praticar a caridade e, em alguns casos, cumprir com deveres outrora deixados para trás.

8 - Deve-se dar menga para Exú sempre?
Depende, cada espirito é doutrinado de uma forma diferente de outro. Se o Exú aprendeu que pode salvar uma vida com menga ele vai pedir, se aprendeu a mesma coisa com uma vela ele pede a vela.
A menga só não pode ser dada sem motivo plausível, por cisma do médium que acha que dando menga seu Exú fica mais poderosos, por querer aparecer aos olhos das pessoas que desconhecem a religião e nunca para trabalhos feitos para o mal. Quem dá menga a Exú com intensão de fazer mal a alguém na verdade está dando menga a um Kiumba ou rabo de encruza. Exú não faz mal a ninguém.

9 - Porque não se firma Exú no Congá?
Foi dado a Exú na criação a função de mensageiro e guardião.
A firmeza da tronqueira é necessária para a segurança da casa e para que o Exú possa avisar os Orixás sobre o que é necessário. Em muitos terreiros achasse que estando firmado o Exú na tronqueira (ou Cangira) os kiumbas não entram, mera especulação. Se esse fosse o caso as outras entidades não precisariam descarregar os médiuns e a casa. As entidades trabalham juntas e Exú ajuda a todos e todos ajudam o Exú.

10 - Estive em um terreiro que apagaram as luzes na sessão de Exú, os Exús falavam muito palavrão, bebiam, fumavam, cuspiam e dançavam uns com os outros se sarando e passando a mão tanto em homens como em mulheres. Isso acontece em todos os lugares?
Bom, primeiro isso não era Umbanda! Podia ser uma orgia, uma festa, um baile ou qualquer outra coisa. Quando isso acontece é culpa somente de pessoas que se dizem Umbandistas mas na verdade são mistificadores. Vou explicar: Apagar as luzes e deixar o ambiente na penumbra é um ato normal, os Exús não gostam de aparecer e ser discreto é uma de suas características. Falar palavrão também pode ser normal, depende do desenvolvimento e das normas apregoadas pelos zeladores e da própria concentração do médium, mentalizar a entidade antes da incorporação é o melhor meio de doutrinar a entidade. Bebidas são usadas como ferramenta de trabalho da entidade e até mesmo uma forma de aquecer o médium. O médium incorpora um ser morto e, repare bem, quem está incorporado ou depois da incorporação tem o corpo extremamente gelado. Um estudo provou que alguns médiuns chegam a ter temperatura corporal de 27 a 29 graus, quando o normal é 36 a 37 graus. Fumo também é considerado da mesma forma que a bebida, servindo também de fundanga para descarrego.
Quanto a dança e atitudes libidinosas, pode acreditar que é mistificação! Como disse acima existe a sensualidade discreta destas entidades, mas discreta mesmo! Sarar e passar a mão em outras pessoas é safadeza. Já fui em muitos terreiros e vi coisas que deixariam os piores dos kiumbas de boca aberta. Exús são entidades iguais e com o mesmo valor que um Preto Velho, vem para fazer o bem e sem safadeza.

11 - Você falou a um tempo que um terreiro de Umbanda não poderia ser comandado por um Exú. Estive falando com meu zelador e ele disse que é engano seu.
me lembro de você. Se o chefe espiritual do terreiro é um Exú mesmo, seu terreiro é de Quimbanda nunca de Umbanda. Quanto a seu zelador mande ele me escrever, quem sabe  posso ensinar alguma coisa a ele sobre Umbanda.

12 - Posso firmar Exú dentro do terreiro?
Depende do ritual! Se for Quimbanda sim se for Umbanda não.

13 - Existe uma rádio em que um suposto Exú dá entrevistas e palestras, inclusive citando certos trechos da Bíblia e Provérbios, isso é natural?
Não! Este tipo de entidade normalmente ,como já foi dito, é muito discreta. Pode acontecer de um outro espirito ou entidade estar dando estas entrevistas e se identificando como Exú. Pode até mesmo ser um médio tentando pregar coisas que aprendeu ou que ouviu falar dizendo-se Exú. A mistura de trechos bíblicos e provérbios com a doutrina espiritual nos faz lembrar mas o Kardecismo que Umbanda, logico que o sincretismo colocou muito dos rituais católicos na Umbanda. Entrevistas e palestras são dadas por seres humanos, nossas entidades podem enviar mensagens que são transcritas e divulgadas. Exú não precisa ensinar nada no rádio, ele ensina no terreiro e além de tudo: Exú fala pouco e trabalha muito! Nem mesmo os espíritos que trabalham na linha branca ou kardecismo vivem dando entrevistas, tome como exemplo o grande Chico Xavier, discretíssimo e avesso a reportagens.

14 - De onde vem os nomes dos Exús?
Deles mesmos! Normalmente a própria entidade se apresenta com o nome que lhe foi dado por seu superior. Muitos nomes foram criados pelo próprio povo. Muitos nomes mudam de uma região para outra ou ritual para outro e muitos ficam o mesmo em rituais diferentes como Maria Padilha na Encanteria e na Umbanda. Alguns adotam o nome de sua área de atuação: 7 Encruzilhadas ou Maria do Cruzeiro. Alguns adotam nomes de lembranças passadas: Rosa Caveira ou Exú da Lira. 

15 - Porque existem tantos Exús Tranca Rua?
Bom tenho duas teorias:
A primeira é que a falange de Tranca Rua cresceu muito, e existem muitos Tranca Ruas que tem outro nome mas o povo chama de pelo mesmo nome (o Exú que trabalho se chama Exú Guerreiro, e da falange de Tranca Rua, se veste como tal e muita gente o chama de Tranca Rua) causando assim este grande contingente.
A segunda é que todo mundo quer trabalhar com  Tranca Rua, assim como Maria Padilha, Exú veludo, Exú Meia Noite, muitos ainda acham que pelo nome ser conhecido as pessoas confiam e procuram mais a entidade. Do mesmo jeito que acontece com Ogum Beira-Mar, Caboclo Cobra Coral, etc.

16 - Toda Pomba Gira foi prostituta?
Não! Como já foi dito a vida passada da entidade na terra continua sendo um mistério que só ela sabe. As características da entidade, o jeito de vir ao terreiro, sua dança, seu caráter é de uma pessoa alegre e brincalhona, como todo Exú de Umbanda. Muitas pessoas difundem este  conceito sobre esta entidade por falta de conhecimento e muitas vezes a própria entidade mistificada passa isso adiante.

* respostas de C. Zeus.

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

CONVERSANDO COM ANJOS

Este trabalho foi escrito esotericamente*, sem qualquer pretensão literária, para que todos possam compreender a mensagem angelical. Meu principal objetivo é levar a cada leitor, um pouco do que aprendi sobre anjos. Para escrevê-lo eu não contei apenas com a minha inspiração, usei muitos livros para pesquisa e vários anos de palestras em todo Brasil foram de grande utilidade, pois cada dúvida de um participante era motivo de incentivo para aprofundar ainda mais meus conhecimentos.
Não tenho a menor vontade em ser reveladora, nem quero que me imaginem pretendendo impor a alguém a minha verdade. Porém, a crença de que Deus me deu inteligência e raciocínio, me dá a certeza de que crenças cegas ou fanáticas não são a sua vontade. Quando se diz "não reclame... olhe Jesus e veja o que Ele sofreu para nos salvar", estamos pedindo que as pessoas sejam conformadas com a sorte e aceitem tudo passivamente, evitando assim o seu crescimento. Há muito tempo tirei meu Jesus ensanguentado da cruz. Meu Jesus, que é meu pai e meu amigo, tem um largo sorriso na face serena. O problema atual de várias religiões é que elas querem fazer crer que o que pregam são as verdades únicas e absolutas e tudo mais é coisa do diabo... Quanta bobagem... Nada disso pode ser verdadeiro, pois Deus é nosso Pai e a Natureza nossa Mãe. Deus é luz e para senti-lo, você deve esclarecer as dúvidas de sua alma.
Se depois destas palavras, você não tiver interesse em conhecer o mundo angelical, isso indica que ainda não há em você maturidade (mater - mãe, doar - amor) de espírito (piro - fogo - ação) para esse tema. Isso porém, não é definitivo e quando a maturidade for atingida você saberá.
Quando iniciamos o estudo de qualquer tema místico geralmente estamos cheios de temor, que desaparece gradualmente na mesma proporção em que se vai adquirindo conhecimento. Seu anjo da guarda pessoal está junto de você desde o dia de seu nascimento, até o dia do desencarne. É ele quem vai orientar seu próximo estágio de aprendizado no Eu Superior, junto aos grandes mestres ascensionados, para um possível retorno à Terra. Você escolheu seu karma antes de encarnar e vai ter que vivê-lo. Então viva intensamente cada momento de sua vida. Respire vida. É bom demais viver!
Os relatos de algumas pessoas que tiveram parada respiratória e "morreram" por alguns minutos, são unânimes quando falam que viram alguém que emanava uma luz intensa e que, de forma carinhosa, as encaminhava para algum lugar. Essas pessoas estavam naquele momento recebendo a ajuda do anjo de guarda que assume a forma mais conveniente de acordo com a crença de cada um. Por exemplo: para o espírita a forma poderá ser de um ente querido da família, que já desencarnou, para um umbandista, que tem a proteção do caboclo, a forma poderá ser de um índio.
Os problemas fazem parte da vida, do cotidiano de cada um. Muitas pessoas procuram a força do mundo angelical desejando alcançar a graça no primeiro dia, esquecendo-se que antes deve tornar-se merecedor dessa graça. Se você pede ajuda a qualquer entidade para resolver um problema e não é atendido, não se revolte, mas sim pergunte: será que eu merecia essa graça? Tenha calma e pense. Deus é o grande pai e nunca nos abandona.
A infelicidade deixa o anjo de guarda sem ação. Quando eu falo isso, a primeira pergunta que surge é: "ora, para que serve então meu anjo de guarda, se no momento em que eu mais preciso, ele não está ao meu lado?" Para esclarecer vou dar um exemplo muito simples. Quando você vai a uma festa e fica ao lado de uma pessoa que resmunga o tempo todo ou fica contando desgraças, provavelmente a sua atitude será de afastar-se rapidamente. O mesmo acontece com seu anjo de guarda. O anjo não participa da infelicidade; em nada lhe ajudaria que ele ficasse chorando ao seu lado. O anjo fica então no astral, esperando e mandando insights, aguardando o instante em que você decida parar de sofrer e assim possa ocorrer a transformação. Lembra-se daquela ocasião que você precisou de um amigo, ligou e através de uma boa conversa tudo ficou esclarecido? Pode ter certeza que o seu anjo de guarda pediu ajuda ao guardião do amigo a quem você recorreu. O mesmo acontece quando você tem vontade de ler um livro ou visitar um amigo. Vá. Aproveite e leve uma rosa. Quem sabe você não estará servindo de intermediário para ajudar essa pessoa.
Os anjos estão presentes principalmente onde existem crianças até sete anos de idade. Crianças pequenas geralmente têm um amigo invisível para nós, mas para elas que não têm pensamentos mesquinhos nem qualquer maldade no coração, o amigo é bastante visível - é o seu anjo de guarda.

Quando fizer um pedido use sempre o tempo presente. Tenha cuidado com a palavra não. Nunca diga, "eu não quero ser gordo, eu não quero ser pobre, eu não quero ser velho". Este NÃO, confunde e atrapalha seu pedido porque entra no inconsciente, que é poderosíssimo e é nele que anjos conversam com você durante o sono. Eles são éteres, portanto, não têm memória e nunca julgam. Para qualquer pedido que você fizer, diga: "Bendito é o meu desejo porque ele é realizado".

  Por Monica Buonfiglio