domingo, 8 de novembro de 2015

Cuspir no prato em que comeu!


Até para quem faz parte, entender o que é religião é muito complicado.
O sentido do "religare" fica perdido sob camadas e mais camadas de tantas outras coisas, que a maioria dos religiosos, nem conseguem descobrir qual o verdadeiro motivo que os fizeram cruzar as portas das igrejas, quanto mais o que os levou a decisão de realizarem os ritos de passagem ou iniciação (todas as religiões do mundo tem seus rituais de inclusão).
A função da religação com o Sagrado, que é o de conceder pleno significado a fé, proporcionar o motivo para a caminhada na senda escolhida e tornar-se a essência do viver religioso, quase nunca surge no consciente do adepto e se aparece está isento de significado e pior de relevância.
Por conta disso, a grande porta de entrada das pessoas nas religiões continua sendo a dor, em suas diversas matizes e consequências. Para alguns, pode ser também a vontade de fazer parte de alguma coisa (se tornar alguém se possível, ou no mínimo um igual),  para outros é simplesmente fuga da realidade. Raros são aqueles que chegam com a compreensão e o desejo real de desenvolver, com harmonia e equilíbrio, a sua espiritualidade (aqui usada no pleno sentido de elevação, transcendência e sublimidade).
Busca-se, na maioria das vezes e de forma desesperada, o tratamento dos sintomas e não das causas que os afligem. Com esse tipo de demanda os templos e casas espirituais acabam se transformando em prontos-socorros das mazelas humanas, unidades de emergência para soluções de todo e qualquer tipo de problema, consultórios sentimentais, psicológicos, emocionais e psíquicos, em resumo, a última esperança, os botes salvadores do naufrágio do "Titanic" que são as suas vidas.
Embora não seja uma ideia original de Karl Marx, na sua obra publicada em 1844, Crítica da Filosofia do Direito de Hegel, encontramos a citação que se tornou famosa desde então: "A religião é o ópio do povo" (em alemão "Die Religion ... Sie ist das Opium des Volkes")[1]. Antes de Marx, Henrich Reine (poeta romântico alemão) no seu ensaio sobre Ludwig Börne, em 1840,  escreveu: "Bendita seja uma religião, que derrama no amargo cálice da humanidade sofredora algumas doces e soporíferas gotas de ópio espiritual, algumas gotas de amor, fé e esperança."
Voltando, a obra de Marx, e anterior a frase que já citamos, destacamos ainda os seguintes excertos:"É este o fundamento da crítica irreligiosa: o homem faz a religião, a religião não faz o homem. E a religião é de fato a autoconsciência e o sentimento de si do homem, que ou não se encontrou ainda ou voltou a se perder.", mais ainda, "A miséria religiosa constitui ao mesmo tempo a expressão da miséria real e o protesto contra a miséria real. A religião é o suspiro da criatura oprimida, o ânimo de um mundo sem coração e a alma de situações sem alma."
Independente, se concordamos ou não com Karl Marx e do contexto e intenção de sua crítica, fica claro, pelo menos para mim, o sentido de troca que a maioria das pessoas realizam com as religiões.
Esse nivelamento por baixo, na minha opinião, é o que gera num extremo o fanatismo, a paixão exacerbada e a miopia religiosa, e do outro a indiferença, o ceticismo e o ateísmo. Entre um extremo e outro, temos as ilusões geradas pelas promessas de entrega que as religiões passam a significar e o puxar de tapete das decepções quando as fantasias da imaginação; seus devaneios, sonhos e quimeras caem por terra, se é que vocês estão me entendendo.
O ponto que eu quero chegar nesse momento é que as religiões atuam como válvulas de escape para uma boa parte da população, tábua de salvação para o que elas não conseguem encontrar nas rotinas de suas vidas.
As religiões deveriam ser uma opção de escolha, prestando o serviço de facilitadores para o último patamar da pirâmide de hierarquia das necessidades de Maslow, ou seja, a AUTO-REALIZAÇÃO! É fato que as religiões não se furtam ao trabalho para entregar ou melhorar as demais necessidades (Vide nosso artigo Maslow, Buda e a Umbanda), porém ao serem, muitas vezes obrigadas a cumprir esse papel na sociedade, deixam para segundo plano o seu objetivo com o Sagrado. É isso que quis dizer no início com o"religare" ficar perdido sob camadas e mais camadas de tantas outras coisas.
Sob o olhar da ótica cristã, muitos poderiam me dizer agora, que as religiões realizam o que Jesus veio fazer nesse mundo, afinal Ele aqui esteve por causa dos doentes que precisam do médico e não pelos sãos. O que ninguém discute ou quer entender é que se estivéssemos fazendo a nossa parte, desde o começo, Ele não precisaria ter realizado esse sacrifício, ou melhor dizendo, esse sacro-ofício. Com certeza, Ele não teria sido transformado no polarizador de um apocalipse, o fim dos tempos tendo que realizar o julgamento sumário, fazendo a escoima do trigo, separando destes o joio.
Em suma, temos o comportamento errado e fazemos a mesma leitura que Marx enxerga na sua crítica, como sociedade produzimos a religião, umaconsciência invertida do mundo, porque como sociedade somos um mundo invertido.
Por conta dessa leitura errônea, de tudo que já foi dito até aqui e por uma lista interminável de outros motivos é que grassa hoje em dia, o zelo religioso obsessivo que pode levar a extremos de intolerância. E aqui não me refiro aos homens-bombas e sim a corda que cada dia mais aperta o seu laço tentando enforcar as manifestações religiosas afro-brasileiras. Ao "muro de Berlim" que estão construindo, ao cerceamento invisível a liberdade de expressão religiosa, e ao ataque cada vez mais mobilizado, que me faz dizer brincando (não sei até quando), que em breve estarei batendo macumba nos porões e nas catacumbas, escondido como faziam os antigos cristãos. Isso sem falar nos possíveis "circus" erguidos em que seremos jogados aos leões.
Dramático, exagerado da minha parte? Talvez... Espero que nunca cheguemos a tanto, mas que os papéis estão se invertendo, isto estão.
A Lei do Silêncio usada por muitos para calar os tambores dos terreiros, a Lei Anti-Fumo em que poucas são aprovadas levando em consideração o uso do fumo e da fumaça como elemento ritualístico-religioso, pululam os projetos de lei proibindo o sacro-ofício de animais, ainda chamados de sacrifício e tortura, o labirinto burocrático e fiscalizador de órgãos públicos municipais, cujo os funcionários tomados por sua orientação religiosa cristã, dificultam registros de templos religiosos de matriz afro-brasileira, isenção de IPTU nem pensar, quando não invadem para fechar ou derrubar casas espirituais, como já vimos em notícias.
Isso sem falar da invasão na política, não se trata mais um o outro candidato, mas de bancadas e mais bancadas que cada vez ganham mais força para legislar sob a ótica de uma pauta que traduza os seus interesses religiosos. Fora o "Plano de Poder", livreto lançado em 2008, com o sub-título de "Deus, os Cristãos e a Política", que ao se ler o que está as claras e nas entrelinhas fala por si, é auto-explicativo e como dizem, para bom entendedor meia palavra basta, quanto mais um livro todo.
Teoria da Conspiração?!? Não, não sou afeito a esse tipo de coisas, mas que existe uma égregora de pressão, uma teia invisível se formando no inconsciente coletivo a isso existe! A Igreja Católica já algum tempo percebeu isso, tanto que nos vimos diante do acordo Vaticano-Brasil a chamada Concordata[2], que estabelece o estatuto jurídico da Igreja Católica no Brasil (Para maiores informações e texto na íntegra veja: "Conheça na íntegra o acordo Vaticano Brasil").
Tudo isso baila ao nosso redor (das religiões afro-brasileiras), estão quase conseguindo nos fazer a dançar conforme a música tocada por eles. Assistimos, ao meu ver, de forma passiva, acreditando que o céu jamais cairá nas nossas cabeças, enterrando nossas cabeças na areia (embora seja um mito já que o avestruz não faz isso - ao ser acuado ele baixa a cabeça até o chão). Vivemos aprisionados na égregora de estaticidade, inertes, parados, com pouca ou quase nenhuma reação, e aqueles que tentam alguma coisa a nosso favor são rechaçados, por nós mesmos, por não concordarmos que eles sejam os nossos legítimos representantes.
Enquanto algumas religiões entraram no século XXI buscando ganhar cada vez mais terreno de forma legítima, embora nem sempre constitucional, nós ainda vivemos na Idade da Pedra. Somos como os homens da caverna, ainda defendendo o território de nossos habitat dos demais grupos iguais, disputando o alimento, aos urros e gritos, mostrando nossos dentes, batendo no peito e agitando nossos tacapes de ossos sem efeito maior do que tentar assustar e espantar os outros com nossa bravata.
Queremos seguir em frente e vivermos em paz em um tempo que ninguém quer nos deixar fazer isso.
Esquecemos de cobrar, de reivindicar, agir como coletivo e não só como indivíduo sobre o que a constituição brasileira garante a todos, inclusive as religiões afro-brasileiras:
"Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias; (…)"
Nesse aspecto estamos cuspindo no prato em que comemos!

A intolerância religiosa é pauta no dia-a-dia da Umbanda e de todas religiões afro-brasileiras! Intolerância "intra" e "inter" religiosa.
Com respeito a intolerância intra-religiosa (por dentro da Umbanda, no nosso caso), os artigos desse blog estão repletos de referências, reflexões e exemplos.
Mais urgente, é falarmos sobre o aspecto da intolerância inter-religiosa (das outras religiões em relação a nossa), essa é a causa que deveria nos unir independente das diferenças e dos motivos que nos separam.
Próximos a nós, pelos laços do fenômeno mediúnico, continuamos a sermos considerados "baixo espiritismo" (engraçado é que nunca pretendemos ser "alto espiritismo", ou algo que o valha), por adeptos de uma doutrina, que exige não ser tratada como uma religião, mas que age como uma, principalmente ao fazer esse tipo de comparação. Chegamos ao ponto de assistirmos um movimento de interpretação e prática da Umbanda sob o ponto de vista e orientação da doutrina de Kardec. Livros é que não faltam para corroborar o que eu estou dizendo. O certo e errado para Umbanda agora é definido por conceitos, metodologias e práticas espíritas.
Cercando-nos, estão os diversos segmentos evangélicos (pentecostalismo, neo-pentecostalismo e os ministérios similares), do lado católico a Renovação Carismática e demais grupos de fé avivada que estão se proliferando em seu seio.
Para completar, como citei na primeira parte desse artigo, os evangélicos buscaram na força política aumentar sua presença no centro das decisões e a Igreja Católica com a Concordata dar a volta por cima "matando dois coelhos com uma cajadada só" (os evangélicos e as demais religiões, no meio as religiões afro-brasileiras).
Interessante observar que, no caso dos evangélicos, bastando um mergulho raso na vida de Lutero, por exemplo, percebemos, que nunca foi o desejo dele, toda violência e revolta que tomou conta da Europa por conta da Reforma. Seu ideal original era a reforma por dentro do Catolicismo (para isso como monge ele tentou a todo custo valer suas teses), e não por fora e, principalmente, servindo como bandeira para as questões políticas e sócio-econômicas que solapavam o velho continente à época. Por outro lado, no caso da Igreja Católica, Jesus nunca quis fundar uma religião, arranjaram a pedra e sentaram Pedro nela e ninguém disse nada, como quem cala consente... O Imperador Constantino[1], mais tarde, realizou o que está longe de uma comparação, mas que podemos aludir como a primeira concordata da Igreja.
Allan Kardec era um professor, que diante das manifestações mediúnicas, que ocorriam nos salões da capital francesa, descobriu as portas para o mundo espiritual e de forma isenta, ética e livre de preconceitos procurou formatar uma doutrina de entendimento e prática desses fenômenos.
Importante dizer a meu favor, que não sou contra as lutas que se referem as questões de desigualdade social e econômica, e dos direitos liberdade de qualquer espécie, como as situações que ocorriam na Europa na época de Lutero. Nem tão pouco, sou alheio ao sofrimento encetado pela perseguição aos primeiros cristãos. A minha visão aqui é que, em ambos os casos, a causa destes (Lutero e os primeiros cristãos), eram por uma espiritualidade maior e os homens a transformaram em conquista de poder, teocracia e império econômico-financeiro. Tenho também o maior respeito pelo Espiritismo, mas não posso concordar com o desprezo de alguns seguidores desta doutrina aos fenômenos mediúnicos umbandistas, a desqualificação espiritual que fazem das nossas entidades, muito menos, como já explanei reiteradas vezes, com a releitura formatada dessa dita "umbanda espírita". 
O fato é que se partirmos exclusivamente das intenções reais de Lutero, de Jesus e de Kardec, nada justifica, a intolerância religiosa que vemos se manisfestar desde o passado até os dias atuais. Em menor ou maior proporção, essa intolerância acontece e diante disso muitos membros das religiões afro-brasileiras já estão agindo de forma reativa a essas ocorrências. Está se tornando um círculo vicioso.
Se fecharmos um olhar sobre os evangélicos, por serem estes os que mais costumam praticar uma "cruzada messiânica" contra nós, podemos listar um incontável número de situações que vivenciamos no nosso dia-a-dia:
  1. As frases, "Jesus te ama!", "Queima Jesus", "Esteja repreendido", "Sangue de Jesus tem poder", " Deus é Fiel", "Só Jesus salva!" e outras mais, usadas como uma arma de confrontação.
  2. Os alto-falantes voltados para as ruas, e os sons cada vez mais potentes das igrejas (será que eles acreditam mesmo, que a gente ao escutar, como se diz aqui no Ceará, vai "emprenhar pelo ouvido"[2] e se entregar a Jesus, só porque eles querem?).
  3. A invasão catequista dos armados com a Bíblia nas poucas cerimônias públicas que realizamos, como as Festas de Yemanjá nas praias.
  4. O entupimento nas caixas de correio de nossas residências com folhetos, panfletos e mensagens doutrinárias.
  5. O acordar, em pleno domingo às 7h00 da manhã, com gente na nossa porta perguntando se sabemos o nome de Deus.
  6. Os "spams" nas caixas de entrada dos nossos e-mails.
  7. Os "fakes" criados para detratar as religiões afro-brasileiras em vídeo, nas redes sociais e em alguns sites, às vezes se passando por gente nossa.
  8. As entradas de "nicks" seja como indivíduos ou grupos nas salas on-line, chats e listas de discussão.
  9. A proliferação de informação, na verdade desinformação, sobre as religiões afro-brasileiras que se propaga na web, na imprensa etc.
  10. As cisões familiares pela conversão de um, ou de alguns de seus membros, pois eles não se contentam em apenas se converterem é preciso a partir daí converter a todos, sem exceção.
  11. A segregação a todos que não pertencem a igreja e o repúdio a tudo na vida que não está de acordo com a Bíblia.
  12. A facilidade com que tudo que é relacionado aos rituais das religiões afro-brasileiras serem taxados de "magia negra" e "coisas do demônio".
Enfim, poderia acrescentar uma quantidade imensa de pontos aos aqui listados. Se você for atrás e fazer uma contagem de quantas vezes eles pronunciam as palavras Jesus e Satanás, acho que Jesus ganharia por uma pequena margem. Se fosse uma eleição teria segundo turno. Se não existisse Satanás, quem ocuparia seu lugar? Sim, porque sem o diabo não tinha o que ser combatido, logo seria uma vida sem motivo e uma guerra sem causa. Brincadeiras a parte, a pergunta que não quer calar é a seguinte: Tudo isso denigre e invalida o protestantismo como religião? Desqualifica seu "religare"? Não! Não vejo essa atitude partindo, por exemplo e me corrijam se eu estiver errado, de batistas e presbiterianos. Percebo esse recrudescimento gerado pelos pentecostais, neo-pentecostais, avivados e os defensores da teologia da prosperidade. Esses sim, me parecem levar sua crença em Jesus as últimas consequências em suas vidas e em relação a vida dos outros.
Mas a maior chaga, na minha opinião, o pior tipo de convertido é aquele que foi ex-adepto da Umbanda, do Candomblé, de alguma religião afro-brasileira.
Esse sim, chega a um tipo de enfrentamento e confrontação extrema. Esse é tomado por uma necessidade fora do comum de expurgar de si o que agora considera pustulento e asqueroso.
Esse tipo de convertido, não precisa de uma lavagem cerebral, ele mesmo faz questão de uma lavagem de alma.
Para isso, o primeiro passo é negar a tudo e a todos que fizeram parte desse seu passado, que não podendo ser apagado da sua vida, tem ao menos que  ser esquecido, ou melhor apartado de vez. É necessário uma verdadeira catarse, por isso muitos reúnem os antigos pertences, da sua ex-religião (fardamentos, colares, imagens etc.) e queimam. Se fossemos usar o nosso linguajar é um descarrego dos "brabos"! Como eu já fiz alusão acima tem que se descarregar o mais profundo do seu "eu", faz-se urgência se passar de impuro para puro, de perdido para salvo, de pecador para um ser livre de pecados. Nova vida, novo mundo, novo tudo.
Assim amigos, familiares, locais, interesses dessa época devem ser ignorados por se tratarem agora de um chamamento a uma vida sem "Jesus". Rapidamente todos esses vazios são ocupados pela igreja, pelos fiéis, a bíblia etc., senão vejamos:
  1. A música passa a ser somente a do gênero gospel, cantado a todos os pulmões, servindo ao mesmo tempo de auto-hipnose e de tentativa de conversão de quem possa escutar.
  2. A leitura restrita tão somente a Bíblia, os livros, revistas e demais impressos da Igreja ou da literatura evangélica. A Bíblia aliás, nesse caso, vira sinal de identificação, pois ele passa a carregá-la para cima e para baixo para ficar bastante gasta, pois quanto mais ela parecer usada, mais a pessoa se apresenta aos demais irmãos como um leitor fiel. Ao mesmo tempo, passa a ter a mesma utilidade do "Almanaque dos Escoteiros-Mirins" (dos sobrinhos do Pato Donald - quem for das antigas, como eu, vai se lembrar), livro de consulta universal, em que se encontra resposta para tudo e qualquer coisa. Se não tiver na Bíblia, no mínimo não é verdade.
  3. As festas, baladas e shows que se costumava ir, agora só se for religiosamente correto e acompanhado dos "irmãos" e "irmãs" (Clube do Bolinha, misturado com o da "Luluzinha", em nome de Jesus).
  4. A bebida alcoólica que não podia faltar no passado, agora reconhecida como a "bebida do diabo", é substituída por refrigerante tomada aos júbilos e gritos de "Glória Senhor Jesus".
  5. O tempo passa a ser ocupado com tudo que for relacionado a igreja e se possível mantendo-se em grupo reunidos para uns ajudarem aos outros não caírem em tentação.
  6. O discurso muda, a maneira de falar também, se fala agora por versículos, capítulos e livros bíblicos, a conversa com um profano, ou melhor dizendo com alguém "sem Jesus", sempre tem a conotação de doutrinar, catequizar e converter.
  7. As roupas passam ser sóbrias e bem comportadas, pois expor o corpo de alguma forma é pecado.
  8. A vida tem que obrigatoriamente se transformar, pois tudo agora é melhor que antes, a uma grande diferença entre uma vida nas trevas e uma renovada em Jesus.
Devidamente pasteurizado, o segundo passo para o agora "irmão" ou "irmã" é ter que provar (esse é o maior dos problemas), que deixou para trás, de forma definitiva, a sua vida pregressa. É nesse instante que se começam as zombarias, as piadas, o sarcasmo, o fazer pouco, por exemplo da sua ex-religião, da vida que parece que não foi vivida, que foi um engano, um erro, uma queda, uma destruição. Como se lembrar das coisas boas que se viveu nessa época agora de trevas? Como sentir algo de bom pelos amigos dessa vida de descaminhos, que se tornou a Umbanda, para ficarmos no exemplo?
Se médium de incorporação, as entidades com quem tanto se trabalhou, se transformam da noite para o dia em "demônios", é o diabo Caboclo X, o demônio Preto-velho Y, o satanás Exu H e assim por diante. O Pai ou Mãe no Santo passa a ser Pai e Mãe da Macumba. Os irmãos de corrente são vistos como seguidores do demônio. Para todos eles um "queima Jesus", ou "esteja repreendido" já afasta o perigo causado por esse possível contágio. Sim, por que só em estar em ambiente próximo é um perigo, é como estar perto de alguém ou alguma coisa virulenta e mortal para a sua vida purificada.
A certeza dessa verdade, tem dividido famílias sim! Fundamentados na Bíblia, eles acreditam literalmente no evangelho de Mateus, em que Jesus afirma: “Não pensem que eu vim trazer paz à terra; eu não vim trazer a paz, e sim a Espada. De fato, eu vim separar o filho de seu pai, a filha de sua mãe, a nora de sua sogra. E os inimigos do homem serão os seus próprios familiares” (Mt 10, 34-36). Outra interpretação não há, a não ser no que na Bíblia está dito e traduzido. Se não conseguem enxergar além da letra que mata, se não abstraem o espírito que vivifica, não serei eu que tentarei convencer ninguém do contrário. Me abstenho de explicar o rico significado que esse trecho do Novo Testamento contém.
Uma coisa é certa, caros ex-umbandistas e neo-convertidos, o Amor de Jesus não está sujeito a literalidade de palavras escritas, pois esse Amor transcende a letra, pois é Espírito Vivo. A tudo e a todos envolve, e não somente aos escolhidos, ou os que decidiram escolhê-Lo. Ele não exclui, inclui, sem olhar, raça, orientação sexual, classe social e crença religiosa.
Aproveito o ensejo para encerrar, já que vós deveis, nessa sua nova "existência" acreditar piamente nessa passagem do Evangelho de Mateus, que também deveis acreditar em algo maior do que essa afirmação de Jesus, pois as palavras que citarei agora, vieram direto de Deus, do qual Jesus é o Filho, para serem gravadas com fogo nas tábuas que Moisés levou ao monte - o Quinto Mandamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá."
Se preferirem algo direto e claro, vou no popular: NÃO CUSPAM NO PRATO EM QUE COMERAM!

POR:PAI CAIO DE OMULU

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