Ao abraçar a fé umbandista, eu juro solenemente perante Deus e os Orixás: Aplicar os meus dons de mediunidade somente para o bem da humanidade; Reconhecer como irmão de sangue, os meus irmãos de crença; Praticar com amor a caridade; Respeitar as leis de Deus e a do homem, lutando sempre pela causa da JUSTIÇA e da VERDADE; Não utilizar e nem permitir a utilização dos conhecimentos adquiridos num terreiro para prejudicar a quem quer que seja. Salve a Umbanda, Salve os Sagrados Orixás.
quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015
Quaresma - isso não te pertence, umbandista!
Com a aproximação da semana denominada de santa e o distanciamento
do período monino, estamos completando o que os católicos chamam de
Quaresma.
A palavra Quaresma vem do Latim quadragésima e é utilizada para designar o
período de quarenta dias que antecedem a Ressurreição de Jesus Cristo,
comemorada no famoso Domingo de Páscoa. Esta prática segundos alguns, se
consolidou no final do século III, tendo sido citado no 1° Concílio de
Nicéia, no ano 325. Na Quaresma, que começa na quarta-feira de cinzas e
termina na quarta-feira da Semana Santa, os católicos realizam a preparação
para a Páscoa.
Essencialmente, o período é um retiro espiritual voltado à reflexão, onde os
cristãos se recolhem em oração e penitência para preparar o espírito para a
acolhida do Cristo Vivo, ressuscitado no Domingo de Páscoa.
Na Bíblia, o número quatro simboliza o universo material. Os zeros que o
seguem significam o tempo de nossa vida na terra, suas provações e
dificuldades. Portanto, a duração da Quaresma está baseada no símbolo deste
número na Bíblia. Nela, é relatada as passagens dos quarenta dias do
dilúvio, dos quarenta anos de peregrinação do povo judeu pelo deserto, dos
quarenta dias de Moisés e de Elias na montanha, dos quarenta dias que Jesus
passou no deserto antes de começar sua vida pública, dos 400 anos que durou
a estada dos judeus no Egito, entre outras. Esses períodos vêm sempre antes
de fatos importantes e se relacionam com a necessidade de ir criando um
clima adequado e dirigindo o coração para algo que vai acontecer.
O espírito da quaresma para os católicos deve ser como um retiro coletivo de
quarenta dias, durante os quais a Igreja, propondo a seus fiéis o exemplo de
Cristo em seu retiro no deserto, se prepara para a celebração das
solenidades pascoais, com a purificação do coração, uma prática perfeita da
vida cristã e uma atitude penitencial.
Este, portanto é o sentido religioso da Quaresma católica.
O período da quaresma, em termos de calendário, é definido pelo cálculo
efetuado para o dia da Páscoa. O dia da Páscoa é o primeiro domingo depois
da Lua Cheia que ocorre no dia ou depois de 21 março (a data do equinócio -
um dos dois momentos em que o sol na sua órbita aparente (vista da Terra)
cruza a linha do equador [Março e Setembro]). Entretanto, a data da Lua
Cheia não é a real, mas a definida nas Tabelas Eclesiásticas.
Em 325 d.C., o Concílio de Nicéia estabeleceu que a Páscoa ocorreria sempre
no "primeiro domingo depois da primeira lua cheia que ocorre após o
equinócio da primavera boreal". Mas essa regra baseava-se na suposição de
que o equinócio da primavera (do hemisfério Norte, ou boreal) acontecia
sempre no dia 21 de março.
Naquela época o calendário utilizado era o Juliano, instituído pelo
Imperador Júlio César, e que embutia vários erros. Com o passar dos séculos,
o equinócio da primavera se afastou do dia 21 de março, fazendo a Páscoa se
deslocar pouco a pouco para o verão.
NO ANO DE 1582 O PAPA GREGÓRIO XIII, aconselhado pelos melhores astrônomos
da época, decidiu fazer uma reforma no calendário. A partir de então, a
Páscoa passou a ser determinada com base no movimento médio de uma lua
fictícia (denominada de lua eclesiástica) e não do verdadeiro satélite.
O novo calendário gregoriano permite que essa lua cheia média venha a cair
num dia diferente da lua cheia verdadeira ( definido pelas Tabelas
Eclesiásticas).
A nova regra estabelece que a Páscoa cai sempre no 1° domingo após a lua
cheia eclesiástica (13 dias após a lua nova eclesiástica), que ocorre após
(ou no) equinócio da primavera eclesiástica (21 de março).
Isso faz com que a Páscoa nunca venha a ocorrer antes do dia 22 de março ou
depois do dia 25 de abril. Repare que nem sempre a data coincide com aquela
que seria obtida se sua definição seguisse critérios astronômicos reais.
Resumindo, em virtude da ressurreição de Jesus ter sido em um plenilúnio,
logo após o equinócio de primavera, os membros do concílio determinaram:
1) Deveriam celebrar a Páscoa em um domingo;
2) Tal domingo, seria o 14o. dia da chamada Lua Pascal ou Lua Eclesiástica;
3) Lua Eclesiástica é a que o 14o. dia cai no equinócio da primavera ou
imediatamente após;
4) O equinócio de primavera deveria ser impreterivelmente em 21 de março.
Obs.: Convém esclarecer que embora o equinócio eclesiástico, em rigor, não é
o mesmo astrônomico, na época do concílio coincidiam.
Portanto, de acordo com o acertado no Concílio, a Quarta-Feira de Cinzas
ocorre 46 dias antes da Páscoa e a Terça-Feira de Carnaval ocorre 47 dias
antes da Páscoa. O período da quaresma (40 dias), começa na quarta-feira de
cinzas e se encerra na quarta-feira que antecede o Domingo de Páscoa. A
quinta-feira santa (dia da Última Ceia), a sexta-feira da Paixão e o Sábado
de Aleluia, são denominados de Tríudo Pascal.
Temos assim que a QUARESMA é um evento católico, tendo o seu período
definido por uma convenção católica e adotado como tradição por católicos
apostólicos romanos no mundo todo.
Em outras palavras, para deixarmos bem claro, em tudo e por tudo a QUARESMA
é CATÓLICA.
Surge então a pergunta que não quer calar, por que nós umbandistas devemos
considerar a Quaresma como um período, um evento etc. do nosso calendário
religioso?
Thashamara, no seu excelente site - Reencontrando o Sagrado: A Umbanda na
visão de um eterno Aprendiz <http://www.nativa.etc.br/index.html> - inicia
um texto sobre esse tema (vide bibliografia) em que pergunta: "Quaresma é
uma data da Umbanda?".
Em artigo do Jornal Umbanda Hoje
<http://www.jornalumbandahoje.com.br/>(vide bibliografia), vemos a
seguinte afirmação: "Sejamos sensatos. A
Umbanda é religião cristã. É fato. Não significa, no entanto, que tenhamos
de aplicar atos litúrgicos alienígenas à mesma."
Rodrigo Queiroz, no post intitulado - Quaresma na Umbanda e a Força do
Sincretismo - publicado no seu blog
<http://rodrigoqueiroz.blogspot.com/>levanta os seguintes
questionamentos: "Afinal, o que é Quaresma? Bem,
sabemos o que é quaresma, agora qual é a relação com a Umbanda? A Umbanda é
uma religião genuína ou é uma vertente do catolicismo? A Umbanda deve
reportar-se ao papado? São algumas questões que precisamos levantar."
Nas listas de discussão na internet existiram diversas manifestações a favor
e contra o respeito a Quaresma e todo o ciclo (Carnaval, Quaresma, Semana
Santa).
Bom senso, respeito as crenças alheias e a força do sincretismo foram
algumas das considerações levantadas para se conviver com a essa realidade
que existe, tanto nos terreiros de Umbanda, como nos dos Cultos
Afro-brasileiros. Tem terreiros, templos, casas, tendas etc., que não
possuem ritos nesses dias. Tem outros que realizam cerimônias apropriadas
para o período. Na Umbanda, algumas casas pregam que com determinadas
falanges não se devem trabalhar, nas de culto afro-brasileiro já são os
Orixás que estão ausentes nesse ciclo.
Enfim, muitas regras, muitos preceitos, muitas quizilas, muitos dogmas,
mitos, lendas, muitas orações, penitências, jejuns, vias-sacras, rosários,
novenas, terços e até missas assistidas. Por outro lado, muito coisa
liberada pelo período neutro ou de ausência da proximidade dos Orixás e
entidades espirituais, neste plano.
Particularmente, para mim é uma questão de lógica.
Umbanda não é catolicismo! (clique aqui para
post<http://umbandasemmisterio.blogspot.com/2006/08/umbanda-no-catolicismo-nem-espiritismo.html>publicado
neste blog sobre esta afirmação).
Logo, nada tem haver com as cerimônias, eventos, festas, comemorações, ritos
e liturgias da Igreja Apostólica Romana.
Respeitar as demais religiões, faz parte da tolerância, ética e do bom
conviver fraterno e religioso.
Aceitar as manifestações alienígenas, como bem descreve o artigo já citado,
para contextualizar, explicar ou respaldar a realidade do sincretismo na
Umbanda, é no mínimo continuar alimentando um estado de coisas, que não nos
leva a lugar nenhum. Ao contrário, deixa-nos cada vez mais estáticos e
parados neste eterna condição aparente de quase religião, de cultura
periférica, folclórica, sincrética, que provoca uma percepção errônea de
falta de originalidade, identidade e posicionamento.
Diante da riqueza das manifestações, tão confirmadas do mundo espiritual,
que faz acontecer todos os dias nos terreiros de Umbanda, da profundidade
dos ensinamentos ministrados pelas entidades espirituais e da necessidade
emergente que temos de fazer valer o nosso espaço, como religião constituída
que somos de fato, mas ainda não de direito, é que não podemos continuar a
sermos arautos desta conivência e permissividade com o que definitivamente
não nos pertence.
Busca pela pureza, essência, originalidade são sempre os termos que surgem
para designar esta linha de raciocínio. Geralmente utilizadas para
caracterizar de forma radical a quem propugna o distanciamento ao padrão
vigente e aceito pela maioria.
Não, não é isto que eu proponho, mas vejo a necessidade de fazermos algo
mediante a imensa quantidade de sobre-capas que o movimento umbandista se
envolveu e se envolve.
Afinal somos UMBANDISTAS e não:
umbantólicos, umbandespíritas ou umbandequianos, umbandoreikianos,
umbandoascensos, umbandowiccanos, umbandosóficos, umbandognósticos,
umbandorosacruzes etc.
Diferença não é sincretismo e sobreposição. Tolerância não é conivência e
permissividade.
Como já disse alguém: "Tudo pode ser lícito e permitido, mas nem tudo me
convém".
A Umbanda é simples! Nós é que complicamos.
BIBLIOGRAFIA PESQUISADA:
*a) Sobre Quaresma (Catolicismo)*
AS 29 PERGUNTAS FREQÜENTES SOBRE A QUARESMA em:
http://www.presbiteros.com.br/Liturgia/AS%2029%20PERGUNTAS%20FREQ%DCENTES%20SOBRE%20A%20QUARESMA.htm
O TEMPO DA QUARESMA em:
http://www.auxiliadora.org.br/quaresma.htm
*b) Definição da data do Dia da Páscoa e período da Quaresma*
**YAHOO RESPOSTAS em:
http://br.answers.yahoo.com/question/index?qid=20070324154846AAgu5cp
Artigo - SOL, LUA E CARNAVAL. Autor: José Roberto V. Costa (Site Astronomia
no Zênite <http://www.zenite.nu/tema/>) em:
http://www.zenite.nu/20/0820.php
Cronograma Parcial da Evolução dos períodos mais importantes dos cômputos
eclesiásticos em:
http://www.calendario.cnt.br/compecles/CalendarE_1-3.htm
*c) Sobre Quaresma e Umbanda*
**Texto - QUARESMA. Autor: Thashamara (Site Reencontrando o Sagrado - A
Umbanda na visão de um eterno aprendiz) em:
http://www.nativa.etc.br/umb_conceito_questoes_009.html
Artigo reproduzido do Jornal Umbanda Hoje pelo site Centro Espiritualista
Caboclo Pery em: http://www.caboclopery.com.br/umbanda_e_quaresma.htm
Post publicado no blog Rodrigo Queiroz em:
http://rodrigoqueiroz.blogspot.com/2007/02/quaresma-na-umbanda-e-fora-do.html
Publicado por:Pai Caio de Omulu às
06:15<http://umbandasemmisterio.blogspot.com/2007/03/quaresma-isso-no-te-pertence-umbandista.html>
<http://www.blogger.com/email-post.g?blogID=31985912&postID=5871142975626089055><http://www.blogger.com/post-edit.g?blogID=31985912&postID=5871142975626089055>
http://umbandasemmisterio.blogspot.com/2007/03/quaresma-isso-no-te-pertence-umbandista.html
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