Axé a todos! Quem já não ouviu falar sobre o perigo que é a Vaidade? Quem já não ouviu tristes histórias de médiuns quando tiveram a Vaidade alimentando seus íntimos? Quem já não percebeu como é difícil lidar com a Vaidade e o quanto Ela é sutil e arrasadora?
Sei que muitos fogem e negam esse sentimento, mas Ela não foge e não nega ninguém. Ela, A Vaidade, não titubeia em se fazer viva a qualquer momento, em qualquer lugar e em qualquer pessoa, aliás, existem vários momentos em que a vaidade é absurdamente incentivada e vivenciada, existem diversas pessoas manipulando outras pessoas sob o prisma da vaidade.
Mas ninguém gosta ou quer reconhecer seus momentos de vaidade, nem tampouco a possibilidade de sentí-la, mesmo porque, Ela aflora de forma tão “sutil”, tão “simples” aos olhos míopes da ingenuidade que, por consequência, as pessoas deixam de se vigiarem, esquecem de se educarem, de cultivarem a humildade e de entender o outro como “outro”, automaticamente se tornam vaidosas. Percebam, é uma bola de neve, uma ação refletindo uma reação continuamente.
Sei que a maioria das pessoas utiliza o termo “vaidade” para falar do bem cuidar do corpo, da importância de ter uma boa aparência, no entanto, mais que isso, vaidade é o desejo sem limites de atrair admiração. Isso mesmo, DESEJO SEM LIMITES DE ATRAIR ADMIRAÇÃO.
Em nossa Umbanda, vivenciando nossa religiosidade, sabemos o quanto a vaidade é prejudicial. Ela chega a ser a principal causa de afastamento de médiuns dos terreiros. Ela é tão avassaladora e destruidora que retarda potencialmente a ascensão de qualquer médium. Portanto, temos que estar vigilantes o tempo todo, temos que cultivar a humildade dentro de nós entendendo que nada somos e nada fazemos sem o Outro.
O fato é: a Vaidade está sempre viva em um elogio, em um olhar de admiração, em uma situação resolvida, Ela está sempre pronta para aflorar no primeiro momento de “falta de reconhecimento” e “falta de agradecimento” para com o Outro, para com o Divino e para com o Universo.
Isso quer dizer que a vaidade pode brotar nos momentos de cura, de conquista e de auto-estima, portanto nos momentos de alegria e satisfação, basta ter a semente e estar com o solo propício. Quem já não conquistou algo importante ou difícil na vida e estufou o peito sonorizando “eu sou bom mesmo” esquecendo totalmente de agradecer e de reconhecer que nada, absolutamente NADA se conquista e se constrói sozinho?
E não é só isso, a vaidade está quase sempre misturada ao sentido da Fé e com a capacidade de sentir Fé.
Calma, sei que agora deu calafrio, mas pensem comigo, quantas pessoas ao afirmarem sua Fé têm a vaidade esculpida em seus rostos, atos e falas afirmando que a sua fé é a melhor do que qualquer outra, que ‘seu Deus é o Deus dos milagres’ e que somente ‘Ele’ pode curar, melhorar, resolver e ajudar?
Além disso, é fato que a Fé proporciona realizações, melhoras, conquistas, auto-estima, e quando vivenciamos esses sentimentos, quase sempre aflora a prepotência, a arrogância e a vaidade. É aí que nos achamos deuses e nos esquecemos do Outro, do Divino, do Universo. E é a partir daí que, mesmo não percebendo, nos encontraremos sozinhos achando que somos aquilo que nunca fomos: BONS.
Para ficar mais claro a importância de caminharmos juntos, de reconhecermos o “outro”, de perceber a sutileza da vaidade e como a Fé também aflora nosso lado obscuro sem que ao menos percebamos, segue um texto bem legal de Pai Solano de Oxalá que publiquei no JUCA – Jornal de Umbanda Carismática em agosto 2008 espero que gostem e que ajude na capacidade de discernir.
Axé a todos e excelente semana.
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O Caboclo das Sete Encruzilhadas e Pai Antônio consideravam três situações altamente perigosas para qualquer médium:
1 – O médium homem com a consulente mulher e vice versa;
2 – A cobrança por “serviços”;
3 – A vaidade que gera, às vezes, até a mistificação.
W.W. da Mata e Silva conta em um de seus livros a história de um médium recém chegado a um terreiro e que começava a firmar sua mediunidade, em especial com o Preto Velho.
Certo dia encontrou na rua um amigo que estava bastante acabrunhado. Perguntando-lhe o que passava, ele desfiou um rosário imenso de problemas. O médium, solícito, lhe disse: Porque você não passa lá no terreiro que eu frequento para pedir ajuda ao Preto Velho para ver se ele não te ajuda?O amigo, já desanimado de tudo, foi ao terreiro e conversou com o Preto Velho que se incorporava naquele amigo. Dias depois encontraram-se novamente e o médium perguntou ao amigo: E aí? Melhoraram as coisas? O amigo respondeu: Rapaz, você não pode acreditar; minha vida virou como se tivesse passado um furacão e tudo se acertou.Feliz o médium se foi. Alguns dias depois esse mesmo médium encontrou-se com outro amigo e o quadro foi igual, um desfiar de lamentações. O amigo médium disse ao outro: Passa lá no MEU terreiro que EU e MEU Preto Velho damos um jeito para você.No terceiro caso, acontecido logo em seguida o médium já disse: Passa lá no MEU terreiro que EU dou um jeito nisso.
Como vemos, nessa história de Mata e Silva, resume-se a questão da vaidade do médium e a desagregação de sua relação com as entidades que com ele trabalham.
Na verdade, na última vez o médium falou o certo: ELE TERIA DE DAR UM JEITO, POIS PELO VISTO ELE JÁ TINHA CHEGADO AO NÍVEL DA MISTIFICAÇÃO.
Um Saravá Fraterno – Pai Solano de Oxalá
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