domingo, 27 de setembro de 2015

Umbanda e candomblé conquistam jovens descolados no Brasil

Esqueça a imagem das pessoas angustiadas que procuram consolo para a dor da morte de parentes. Agora, jovens descolados deixam de ir à balada para celebrar os orixás, receber passes e fazer amigos. Conheça alguns dos novos frequentadores da umbanda e do candomblé 


À esquerda, Andréa, artista plástica conectada a Iemanjá. Em casa, faz banhos e orações. À direita, Janaína, “filha de Omulu” e ativista pelos direitos da mulher negra (Foto: Rogério Assis)

A artista plástica Andréa Tolaini não sabe o que fazer com sua bicicleta elétrica. O veículo foi um presente em forma de pedido de casamento e tem valor sentimental para a paulistana de 30 anos, mas a verdade é que ela prefere pedalar à moda antiga, sem a ajuda de motor. Do seu ateliê, no bairro do Butantã, em São Paulo, sai pelas novas ciclofaixas da metrópole para se reunir com os clientes que encomendam seus quadros, mandalas multicoloridas pintadas em telas grandes. Tem os horários fluidos, a rotina livre e uma profissão que parece lazer. Investe seu dinheiro em shows e viagens (a última para o Peru) e, nos fins de semana, recebe os amigos para uma feijoada vegetariana em sua casa, onde mora com um gato e dois cachorros. A porta ali está sempre aberta, já que Andréa não é adepta “da vibe portão elétrico e grades até o teto”.
Gosto da liberdade de fazer os ritos do meu jeito. Não me sinto obrigada a ir ao centro: vou quando tenho vontade"
Andréa Tolaini, artista plástica
Ao menos uma vez por mês, ela vai a um terreiro de umbanda. Diz que conversa com os espíritos, pede a eles conselhos para a vida e volta para casa com indicações práticas e rituais. “Faço orações de sete dias, banhos, limpezas e agradecimentos aos orixás”, conta. “Gosto da liberdade de fazer os ritos do meu jeito. Não me sinto obrigada a ir ao centro: vou quando tenho vontade.” Nascida numa família católica, Andréa não tinha contato com religião desde que saiu do colégio cristão onde estudava. Até que, em 2008, foi com uma amiga a um terreiro pela primeira vez. Logo de cara, diz que recebeu de um médium um recado sobre a morte da mãe, que viria a ser diagnosticada com um câncer terminal dali a poucas semanas. “A umbanda dialoga de forma simples e rápida com você, não tem nenhuma metáfora ou mensagem rebuscada”, afirma. A mãe morreu no ano seguinte. Desde então, ela procura ajuda dos guias, os espíritos que incorporam nos médiuns em dia de gira, como são chamadas as cerimônias, sempre que acha necessário. Foi assim quando quis largar a carreira de oito anos em empresas de publicidade para viver de sua arte.
Médiuns antes da gira em centro da Zona Sul de São Paulo (Foto: Rogério Assis)
Andréa faz parte de um grupo bem informado de jovens urbanos que trocou a crença familiar pela fé nas tradições africanas. É por causa de pessoas como ela que, nos dois últimos censos do IBGE (Instituto Brasileiro de Geo­grafia e Estatística), os frequentadores de cultos afro-brasileiros aparecem no topo do ranking de escolaridade: ficam em segundo lugar, atrás apenas de kardecistas e à frente decatólicos e evangélicos. São comunicadores, estudantes e criativos cujas escolhas de vida não combinam com grandes empresas mas, sim, com a liberdade de ir e vir. São membros da geração Y, essa nascida a partir da década de 80, urbana e conectada à internet, em que os psicólogos sociais identificam uma aversão clara à hierarquia e uma necessidade de se engajar em projetos com profundo significado pessoal.
Nasci numa família católica e gostava muito do convívio da igreja. Mas, com o passar dos anos, a missa foi perdendo intensidade para mim"
Rafael Mota, publicitário
O publicitário Rafael Mota, 27 anos, se sente completamente levado pelo ritual que, até três anos, desconhecia por completo. “É impossível não sentir a energia”, diz ele.Sua fé não vem de berço. Como a maioria dos atuais adeptos das religiões afro-brasileiras, Rafael se encantou por ela depois de adulto. “Nasci numa família católica e gostava muito do convívio da igreja. Mas, com o passar dos anos, a missa foi perdendo intensidade para mim. Aquilo não prendia mais a minha atenção .”
Ele foi pela primeira vez ao centro de umbanda por curiosidade, a convite de uma colega de trabalho. Já havia visitado templos budistas, igrejas messiânicas e evangélicas, e imaginava incluir na lista a mais caricata de suas experiências religiosas. “Mas, logo que entrei, vi que tinha imaginado tudo errado. Não havia imagens amedrontadoras nas paredes, nem galinhas mortas pelo chão.” Três semanas depois, não conseguia esquecer a boa sensação de estar naquele pátio, e assim voltou uma, duas, dezenas de vezes, até se tornar parte do time da casa. Segundo a umbanda, qualquer pessoa pode desenvolver a capacidade de intermediar o mundo dos espíritos com o nosso, e foi o que Rafael fez. “Aqui as relações são mais horizontais que na igreja católica, onde a hierarquia é mais de cima para baixo. Lá, o máximo de contato físico que você tem é beijar a mão do padre. Na umbanda, é difícil não sair abraçando meia dúzia. É como se o seu ego se dissolvesse no meio do grupo.”
À esquerda, Edi, o artesão que é “filho de Ogum”, orixá equivalente a São Jorge. À direita, Karen Keppe, 29, produtora cultural e “filha de Xangô”: “A umbanda é mais sincera” (Foto: Rogério Assis)
A umbanda e o candomblé, religiões que vêm atraindo o grupo, também têm umcódigo moral amplo, baseado na lei do retorno: fazer o bem para recebê-lo e evitar fazer o mal para não sofrê-lo. “Nos cultos africanos, bem e mal estão sempre juntos”, diz a produtora cultural e artista paulistana Karen Keppe, 29 anos, que teve o primeiro contato com o candomblé aos 22, ainda na faculdade de história. “Acho essa visão sincera, mais conectada com a realidade”, conclui. Hoje, frequenta um centro umbandista em Pinheiros, Zona Oeste de São Paulo, onde não raro encontra pessoas de seu meio de trabalho, como músicos com quem colabora em festas hypadas no Centro paulistano. O local é próximo ao apartamento que ela divide com o namorado e um amigo. Ela trabalha em casa, onde estuda novas maneiras de produzir música, a partir de objetos inusitados como rodas de bicicleta e pequenos ventiladores. Pelas janelas, estão pendurados outros aparelhos curiosos: são sensores caseiros de qualidade do ar, desenvolvidos pelo namorado de Karen para um projeto que mapeia a poluição da cidade. A criação dos sensores foi feita com um programa de computador “aberto”, ou seja, o projeto está disponível na internet e pode ser copiado e replicado por quem quiser. Estamos falando de uma turma para quem a vida colaborativa faz mais sentido que a corporativa. Esse comportamento é muito típico dos jovens do século 21, como já havia apontado o sociólogo Michel Maffesoli, que se dedica a entender a pós-modernidade. “O indivíduo, que era a marca mais forte da era moderna, perde valor para a comunidade, o nós vence o eu”, diz o francês no livro O Tempo das Tribos: o Declínio do Individualismo nas Sociedades de Massa (Forense Universitária, 338 págs., R$ 75).
Nos cultos africanos, bem e mal estão sempre juntos"
Karen Keppe, produtora cultural e artista
Dentro desse contexto, é compreensível que a hierarquia horizontal da umbanda seja tão confortável para os novos adeptos. “Nunca me dei bem com chefe”, diz o designer paulistano Edi Marreiro, 33 anos, que, em suas palavras, optou por não fazer faculdade para “ter uma vida profissional mais variada”. No ano passado, deixou o trabalho como monitor de uma clínica de dependentes químicos para tornar-se designer e produzir objetos de decoração para a marca que criou com a namorada. Apesar do pouco tempo de empreitada, o casal já colhe os frutos e se sustenta com as vendas de seus produtos em um e-commerce, o Casa do Rouxinol.
Alto, com barba cheia e sete tatuagens espalhadas pelo corpo, Edi frequenta um terreiro no bairro do Morumbi, em São Paulo, e diz ter ampliado por lá até mesmo seus interesses mundanos. “Mudou a minha forma de encarar a música, os instrumentos. Antes, gostava só de rock e música eletrônica e agora gosto de percussão, de samba”, afirma. Seu envolvimento foi tão grande que se tornou ogã, um líder que canta e toca atabaque para que os espíritos possam trabalhar. Parte de suas tarefas é receber as pessoas que chegam pela primeira vez ao centro, e foi assim que conheceu a atual namorada, Raji Rajii, de 26 anos. Fora do terreiro, ele participa de um grupo de maracatu, o ritmo pernambucano que tem raízes na cultura dos escravos. Também é fã de músicos nacionais, como os rappers Emicida e Criolo.
Edi se prepara para as giras com alguns rituais: nas 24 horas que antecedem os trabalhos, não tem relações sexuais, não bebe álcool nem usa qualquer substância que possa alterar a consciência, e não come carne vermelha. Também toma um banho de sete ervas. A dedicação causa estranhamento nos amigos de fora da religião. “Tem quem olhe torto, mas não ligo.”
O branco é a cor ritualística nos terreiros (Foto: Rogério Assis)
A assistente social Janaína Grasso, 27 anos, adepta do candomblé, sabe bem como é driblar o preconceito e a intolerância religiosa. “Sou mulher, preta e baiana. Só por isso as pessoas já me chamam de macumbeira. Mas na minha religião ninguém orienta a amarrar marido ou fazer trabalhos para prejudicar os outros”, diz. Moradora do boêmio bairro da Vila Madalena, ela diz preferir as festas de rua que São Paulo oferece a locais que cobram entrada (“mais um jeito de segregar”). Na reta final do mestrado que analisa questões de gênero, ela ainda lidera o coletivo Em Alto e Bom Tom, focado no empoderamento de mulheres negras. Com uma amiga, ela monta exposições itinerantes de retratos de lindas jovens usando turbantes, cabelos afro, tranças e exibindo corpos suntuosos. As imagens visam dar mais confiança e suprir a falta de representação positiva de crianças e adolescentes afrodescendentes.
A umbanda, assim como o candomblé, tem três coisas boas da vida: música, dança e comida"
Reginaldo Prandi, sociólogo das religiões
Nas semanas em que conversou com a reportagem, Janaína faltou a uma festa importante do terreiro que frequenta, com muita música, rezas e oferendas, por causa da dissertação. No candomblé, as cerimônias são guiadas pelo pai de santo e os cantos são em iorubá ou outras línguas dos antigos escravos. Diferentemente da umbanda, quem se manifesta por meio dos médiuns são os orixás – e não espíritos antigos. Por fim, se o praticante tem uma questão particular a tratar, pede uma sessão individual com o pai ou a mãe de santo, que fará perguntas aos deuses pelo jogo de búzios. São consultas que nada lembram as confissões e punições da igreja católica ou as expurgações dos evangélicos pentecostais.
Para o sociólogo das religiões Reginaldo Prandi, professor emérito da Universidade de São Paulo (USP), o aspecto lúdico coloca os cultos africanos numa posição atraente para esses jovens. “A umbanda, assim como o candomblé, tem três coisas boas da vida: música, dança e comida”, resume. Além disso, a estética de cores fortes e contrastantes, rendas e ornamentos ricos, e a conexão com folhas, ondas do mar e flores ajudam a atrair novos adeptos, afirma o estudioso. “O mundo está questionando sua relação com a natureza e, nos grandes centros urbanos, são raros os momentos em que você fica com os pés no chão, em contato com tudo isso”, analisa. Essa turma antenada mostra que, hoje, nada é mais moderno do que buscar a paz nas coisas simples da vida.

domingo, 20 de setembro de 2015

PERGUNTAS SOBRE EXÚ.


A algum tempo atrás respondi a um leitor que se ele fosse filho de Exú sua mãe provavelmente seria uma Pomba Gira. Isso causou uma tremenda polemica entre leitores do blog que começaram a enviar perguntas sobre Exús. Resolvi responder para esclarecer algumas, lembrando que as respostas são minhas opiniões pessoais e coloquei junto respostas de outros médiuns esclarecidos.


1 - Exú e Pomba Gira podem ser donos de coroa na Umbanda?
Nunca na Umbanda! Em alguns outros rituais sim.


2 - Porque Exú não pode ficar de frente na coroa?
* Na UM-BAN-DA não pode mesmo porque exu é uma Linha Espiritual AUXILIAR, agregada e, como já visto antes, composta por falanges de espíritos em sua maioria amorais e de pouco conhecimento sobre princípios evolutivos, ou seja, de curta visão espiritual a despeito de muito conhecimento que possam ter sobre os princípios de vida material.
Se exu ou pomba gira estiverem à frente na coroa de um médium, o certo é (como nos foi ensinado desde muitos anos atrás) que se trabalhe no sentido de afastá-los desta posição para que espíritos GUIA possam assumí-la.
Já para outros cultos, aqueles que não se preocupam com evolução espiritual do médium e das entidades e que pretendem entender que "é assim porque deve ser ou porque sempre foi", aí a pregação é outra e exu vira até "orixá de coroa".



3 - Zé Pilintra é Exú?
Originalmente Zé Pilintra, Maria Padilha e alguns outros Exús, eram Mestres Encantados no norte do Brasil. Com a vinda dos povos do norte para o resto do Brasil, principalmente para o Sul e o Sudeste, o culto aos Encantados veio junto. Aos poucos, esse culto foi se misturando a outros cultos e criou-se entidades que trabalham em várias falanges. Como trabalhar com Encantados era um processo complicado nestas áreas do Brasil, principalmente pela questão de lugar, firmeza, etc., começou-se a trabalhar dentro da Umbanda e Candomblé com as mesmas entidades, criando-se assim o Exú Zé Pilintra e a Pomba Gira Maria Padilha. No Norte ainda cultua-se como Encantados. Um outro motivo é que o nome de Zé Pilintra acabou por criar uma relação com Pilantra, ou seja, malandro, golpista, mulherengo, características de Exú.


4 - De onde surgiu o nome Zé Pilintra?
Em cada lugar existe uma história sobre este nome. Ninguém sabe exatamente a verdadeira história, José Phelintra, José de Aguiar, Chapéu de Couro,  Mestre Zé são alguns nomes dados a esta entidade. Tal como sua morte, dizem que morreu do coração em um cabaré, Maria Navalha cortou seu pescoço numa crise de ciúmes, emboscada na rua e outras tantas. Mas se era Encantado não pode ter morrido, Encantados não morrem, desaparecem da terra num processo sobrenatural.


5 - Exú fala palavrão e bebe cachaça?
Sim, é normal. O que não é normal e depois da entidade desencorporar o médium ficar bêbado e aprontar.
*Tenho a dizer é que SÃO EXUS. E por serem-no agem de acordo com seus princípios e formas de ver a espiritualidade e, além disto, usam desses artifícios como formas de impressionarem suas platéias, em grande parte normalmente ávidas por esses fatos.
Tenho a dizer que, em termos de comportamento, esta é a essência dos espíritos que realmente merecem este apelido - EXU!

6 - Trabalho com uma Pomba Gira e quando ela desencorpora sinto uma imensa excitação sexual, sou casada e deixo meu marido surpreendido quando chego na cama após o trabalho, isso é normal?
Isso é chamado em alguns rituais de "Estar com a Pomba Gira/Exú de frente". As entidades destas falanges tem a tendencia de mexer com áreas neurais do corpo diretamente ligadas a sexualidade. você deve ter percebido que as Pomba Giras dançam muito sensualmente e Exús estão sempre cortejando as mulheres.
O que não pode acontecer é você encontrar Exús excitados durante a incorporação, dando cantadas do tipo: depois da sessão encontre meu cavalo em tal lugar, etc. (já testemunhei um Exú dando o número do celular). E, existe também, médiuns despreparados que as vezes por serem tímidos, mentalizam a entidade para poder fazer aquilo que não tem coragem de dizer quando desencorporados. 
Em alguns casos pode ser obsessores atuando e o Zelador deve trabalhar com o médium para tirar o "Exú  de frente".

7 - Os Exús já viveram aqui?
Com certeza, são almas desencarnadas que retornam a este plano por motivos diversos. Alguns quando estavam vivos foram pessoas normais e trabalhadoras como nós. A história de cada um é segredo deles mesmos, normalmente eles contam sobre suas vidas passadas somente para alguns de sua confiança. Exús não andam garganteando por aí que foram médicos, engenheiros e bispos aos quatro ventos, são entidades muito discretas com relação a isso. O retorno a esta vida através da incorporação é feito para que este espirito possa desenvolver-se e praticar a caridade e, em alguns casos, cumprir com deveres outrora deixados para trás.

8 - Deve-se dar menga para Exú sempre?
Depende, cada espirito é doutrinado de uma forma diferente de outro. Se o Exú aprendeu que pode salvar uma vida com menga ele vai pedir, se aprendeu a mesma coisa com uma vela ele pede a vela.
A menga só não pode ser dada sem motivo plausível, por cisma do médium que acha que dando menga seu Exú fica mais poderosos, por querer aparecer aos olhos das pessoas que desconhecem a religião e nunca para trabalhos feitos para o mal. Quem dá menga a Exú com intensão de fazer mal a alguém na verdade está dando menga a um Kiumba ou rabo de encruza. Exú não faz mal a ninguém.

9 - Porque não se firma Exú no Congá?
Foi dado a Exú na criação a função de mensageiro e guardião.
A firmeza da tronqueira é necessária para a segurança da casa e para que o Exú possa avisar os Orixás sobre o que é necessário. Em muitos terreiros achasse que estando firmado o Exú na tronqueira (ou Cangira) os kiumbas não entram, mera especulação. Se esse fosse o caso as outras entidades não precisariam descarregar os médiuns e a casa. As entidades trabalham juntas e Exú ajuda a todos e todos ajudam o Exú.

10 - Estive em um terreiro que apagaram as luzes na sessão de Exú, os Exús falavam muito palavrão, bebiam, fumavam, cuspiam e dançavam uns com os outros se sarando e passando a mão tanto em homens como em mulheres. Isso acontece em todos os lugares?
Bom, primeiro isso não era Umbanda! Podia ser uma orgia, uma festa, um baile ou qualquer outra coisa. Quando isso acontece é culpa somente de pessoas que se dizem Umbandistas mas na verdade são mistificadores. Vou explicar: Apagar as luzes e deixar o ambiente na penumbra é um ato normal, os Exús não gostam de aparecer e ser discreto é uma de suas características. Falar palavrão também pode ser normal, depende do desenvolvimento e das normas apregoadas pelos zeladores e da própria concentração do médium, mentalizar a entidade antes da incorporação é o melhor meio de doutrinar a entidade. Bebidas são usadas como ferramenta de trabalho da entidade e até mesmo uma forma de aquecer o médium. O médium incorpora um ser morto e, repare bem, quem está incorporado ou depois da incorporação tem o corpo extremamente gelado. Um estudo provou que alguns médiuns chegam a ter temperatura corporal de 27 a 29 graus, quando o normal é 36 a 37 graus. Fumo também é considerado da mesma forma que a bebida, servindo também de fundanga para descarrego.
Quanto a dança e atitudes libidinosas, pode acreditar que é mistificação! Como disse acima existe a sensualidade discreta destas entidades, mas discreta mesmo! Sarar e passar a mão em outras pessoas é safadeza. Já fui em muitos terreiros e vi coisas que deixariam os piores dos kiumbas de boca aberta. Exús são entidades iguais e com o mesmo valor que um Preto Velho, vem para fazer o bem e sem safadeza.

11 - Você falou a um tempo que um terreiro de Umbanda não poderia ser comandado por um Exú. Estive falando com meu zelador e ele disse que é engano seu.
me lembro de você. Se o chefe espiritual do terreiro é um Exú mesmo, seu terreiro é de Quimbanda nunca de Umbanda. Quanto a seu zelador mande ele me escrever, quem sabe  posso ensinar alguma coisa a ele sobre Umbanda.

12 - Posso firmar Exú dentro do terreiro?
Depende do ritual! Se for Quimbanda sim se for Umbanda não.

13 - Existe uma rádio em que um suposto Exú dá entrevistas e palestras, inclusive citando certos trechos da Bíblia e Provérbios, isso é natural?
Não! Este tipo de entidade normalmente ,como já foi dito, é muito discreta. Pode acontecer de um outro espirito ou entidade estar dando estas entrevistas e se identificando como Exú. Pode até mesmo ser um médio tentando pregar coisas que aprendeu ou que ouviu falar dizendo-se Exú. A mistura de trechos bíblicos e provérbios com a doutrina espiritual nos faz lembrar mas o Kardecismo que Umbanda, logico que o sincretismo colocou muito dos rituais católicos na Umbanda. Entrevistas e palestras são dadas por seres humanos, nossas entidades podem enviar mensagens que são transcritas e divulgadas. Exú não precisa ensinar nada no rádio, ele ensina no terreiro e além de tudo: Exú fala pouco e trabalha muito! Nem mesmo os espíritos que trabalham na linha branca ou kardecismo vivem dando entrevistas, tome como exemplo o grande Chico Xavier, discretíssimo e avesso a reportagens.

14 - De onde vem os nomes dos Exús?
Deles mesmos! Normalmente a própria entidade se apresenta com o nome que lhe foi dado por seu superior. Muitos nomes foram criados pelo próprio povo. Muitos nomes mudam de uma região para outra ou ritual para outro e muitos ficam o mesmo em rituais diferentes como Maria Padilha na Encanteria e na Umbanda. Alguns adotam o nome de sua área de atuação: 7 Encruzilhadas ou Maria do Cruzeiro. Alguns adotam nomes de lembranças passadas: Rosa Caveira ou Exú da Lira. 

15 - Porque existem tantos Exús Tranca Rua?
Bom tenho duas teorias:
A primeira é que a falange de Tranca Rua cresceu muito, e existem muitos Tranca Ruas que tem outro nome mas o povo chama de pelo mesmo nome (o Exú que trabalho se chama Exú Guerreiro, e da falange de Tranca Rua, se veste como tal e muita gente o chama de Tranca Rua) causando assim este grande contingente.
A segunda é que todo mundo quer trabalhar com  Tranca Rua, assim como Maria Padilha, Exú veludo, Exú Meia Noite, muitos ainda acham que pelo nome ser conhecido as pessoas confiam e procuram mais a entidade. Do mesmo jeito que acontece com Ogum Beira-Mar, Caboclo Cobra Coral, etc.

16 - Toda Pomba Gira foi prostituta?
Não! Como já foi dito a vida passada da entidade na terra continua sendo um mistério que só ela sabe. As características da entidade, o jeito de vir ao terreiro, sua dança, seu caráter é de uma pessoa alegre e brincalhona, como todo Exú de Umbanda. Muitas pessoas difundem este  conceito sobre esta entidade por falta de conhecimento e muitas vezes a própria entidade mistificada passa isso adiante.

* respostas de C. Zeus.